sexta-feira, 23 de agosto de 2024

todo o verdor seca...



deparo-me com o que já foi
e é então que a saudade dói
o poema, é caixinha de lembrança
sempre que a saudade me assalta
eu recordo-me criança,
solta como balão
com riso de gargalhada
sedento riacho de verão
descobrindo o mundo
na ânsia que despertava

livre estreei o mundo
e nele um melro cantava.

na palma da minha mão meu reino 
um jardim
enquanto cuidava dele
esquecia de mim,
escrevia todos os dias, as palavras 
eram voos, onde a luz se estendia

engendrava meu caminho
tudo rodopiava como sonhava

com a chuva foram-se os sonhos
côr de rosa
da flor que era, a corola ficou despida
e o aroma dessa flor generosa
foi ficando sem vida

todo o verdor seca
hoje é planície que asfixia
com uma dor surda que silencia.

natália nuno
imagem pintarest

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