segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

é assim em cada palpitação...



em cada palpitação do meu corpo vivo,
ouço o marulhar das águas
onde não existe medo, e as mágoas
seguem num lento vapor,
correm nas minhas veias
resta em mim, um leve estertor
e frágeis pensamentos
como emaranhadas teias.

mas este meu corpo que vive e que morre
vai esquecendo os tormentos
da prisão dos seus passos 
e a memória já confunde,
se o porvir é uma gargalhada 
ou se cai na armadilha do tempo, 
espera ainda, que a felicidade o inunde 
e o sonho seja a porta que não está fechada 
cansada, muito cansada, envelhecendo
ocultando os instantes 
mais amargos, caindo, caindo 
lembrando sonhos distantes 
ora chorando, ora sorrindo,
é assim em cada palpitação.

este corpo como uma casa esquecida 
que meus olhos não querem ver 
já um dia teve vida 
agora é o que é, a solidão nele a crescer 
sem tréguas, grito o meu nome em vão 
pois dele resta-me a recordação
refugio-me no poema 
que corre nos meus olhos 
secos e desmesurados 
onde o tema, sempre é a saudade 
que me golpeia sem descanso 
perto de mim e tão perdida 
sigo e avanço 
mesmo caída, caída!

natalia nuno 
rosafogo

3 comentários:

Roselia Bezerra disse...

a saudade
que me golpeia sem descanso
perto de mim e tão perdida
sigo e avanço
mesmo caída, caída!

Bom dia de paz, querida amiga Natália!
Que versos tão coerentes como nosso jeito de ser!
Cantar a saudade é bem de quem amou ou ama.
Tenha uma nova semana abençoada!
Beijinhos

orvalhos poesia disse...

Obrigada querida Roselia, a vida agora é cheia de recordações que nos permitem sonhar um pouco ainda... mas os danos causados pelo tempo, tiram-nos um pouco de vigor.

Beijinho, tudo bom.

Cidália Ferreira disse...

Excelente poema. Parabéns e obrigada pela partilha!!
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Coisas de uma Vida
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Beijos e uma boa tarde!