domingo, 29 de janeiro de 2023

clamor...



passa a lua altiva e só, cheia de majestade 
caminhando lenta em silêncio profundo
enquanto se aprisiona em mim esta saudade,
abrasa-a o esplendor fulgurante
olha o mundo, dona da eternidade,
acercando-se dos amantes
fala-lhes de saudade
dos tempos já tão distantes...
às vezes, aproxima-se da minha janela
cortando a obscuridade
fico frente a frente com ela
falo-lhe da minha saudade,
com séculos de lentidão
a evadir-se por trás das casas
leva o meu coração,
nos meus olhos goteiras de angústias
quem me dera ter asas!

no olhar uma sombra
que não é noite nem é dia
minha alma carente, vazia.
já nem a dor faz sentido
já o corpo me devora,
na minha janela a chuva insiste
e a lua tem-me esquecido agora.

é hora, irremediavelmente triste,
nesta sucessão de instantes
sinto-me um pouco perdida,
a luz da lua já não tem fulgor
nada mais é como dantes,
e é mais um dia de vida
neste obscuro clamor.

natalia nuno
rosafogo



3 comentários:

Roselia Bezerra disse...

Boa noite de domingo, querida amiga Natália!
Que lindo poema ao seu estilo bem saudosista que amo ler e sentir!
"... fala-lhes de saudade
dos tempos já tão distantes."...
Tenha uma nova semana abençoada!
Beijinhos com carinho de gratidão e estima

Cidália Ferreira disse...

Poema perfeito, soberbo! Amei.
Obrigada pela partilha!
.
Nesta timidez onde me encontro...
.
Beijos
Bom Domingo!

Graça Pires disse...

A lua é dos amantes e dos poetas. O luar entranha-se-lhes na pele. Belo poema.
Uma boa semana com muito saúde.
Um beijo.