domingo, 20 de setembro de 2020

fiquei-me ali a uma esquina...



fiquei-me ali a uma esquina
a somar umas vagas horas
olhei-me era ainda menina
recordei brincos d'amoras

a manhã era de poesia
e eu brinquei até à tarde
fui menina neste dia
logo me veio a saudade

escrevi meu nome no chão
com uma pedrinha de giz
depois desenhei um coração
o que à terra tanto quis...

mais que sombra não era
mas tinha asas voei...
tinha os meus à minha espera
mas era sonho e chorei

meu nome já não é papoila
desfolhou-se por entre o trigo
nem menina e nem moçoila
sou mulher de tempo antigo

mas me lembro de ter sido
meus olhos se lembram bem
a menina dum tempo ido
entre o rio e a banda de além

e sempre que o sol sorrir
meu coração reaquecer
à minha memória há-de vir
o som do moinho a moer

encho as mãos de lirismo
elas que cantam e choram
há dias em que tanto cismo
que saudades não demoram

fico como ave lenta
sem vontade de voar
mas o coração acalenta
que um dia hei-de voltar

faço bravo meus versos
como Poeta amo a terra
trago-os aqui, ali, dispersos
já p'lo mundo andam na berra.

natalia nuno
rosafogo
imagem pinterest 





2 comentários:

" R y k @ r d o " disse...

Poeticamente deslumbrante.

Cumprimentos

orvalhos poesia disse...

Grata amigo Ricardo.

Desejo boa noite ao amigo
meu abraço