quinta-feira, 14 de novembro de 2019

sem tempo



sei da terra germinada
sei do chão de onde vim
sei da razão de tanta mágoa
sentida por mim
sei do inverno rigoroso
sei da dor e da cantiga
sei do trabalho rude e custoso
sentido p'la gente antiga
sei da chuva, dávida divina
sei do verão do pó na estrada
sei de tudo de menina
lembro com a voz embargada

sei do descanso ao domingo
sei do copo na taberna
o bem e o mal distingo
pois já a vida em mim inverna
sei do recolher do trigo
sei do regar da horta
minha terra meu abrigo
por te visitar ando morta
tu que viste nascer
numa manhã qualquer
vai uma lonjura sem fim
quase ontem para mim!
viste-me partir mulher.

de ti nada mudaria
adeus até qualquer dia.

natalia nuno
rosafogo

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