sexta-feira, 2 de outubro de 2015

nem pássaros, nem risos...



ali, só a desolação
ali... onde já nada acontece
em cada palpitação um grito
aflito...tudo se esquece
já não há medo nem nostalgia
acabou o dia, agora é noite
os morcegos sobrevoam o lugar
onde a vida é inexistência
dos telhados caem goteiras de angústia
é tempo de sombras e silêncio
é o vazio...
apenas o marulhar do rio
que há séculos corre, só ele
não morre, meu sonho hoje é negro!
negro de carvão, como se fosse condenação.

vá-se a noite obscura, que tanto dura
abutre que traz a morte,
corte em mim esta obscuridade
não atordoe a minha saudade.
meu coração se agita,
é ele que grita como encrespado vento,
porque a vida o leva no arrastamento
nesta noite sem fim, o sonho é dono de mim
fez-me saber que estou numa rua estreita
onde a morte me espreita.

natalia nuno
rosafogo



2 comentários:

YellowMcGregor disse...

Quando o sonho é dono de nós, não há que recear a noite e o silêncio.


Com um ramo de :-)

orvalhos poesia disse...

Grata pela visita!
O poeta é sempre um sonhador, vive da saudade que o persegue, e das lembranças íntimas, e do bem querer à Poesia...

Um abraço amigo