sexta-feira, 21 de novembro de 2014

minha doce inimiga...



é cinzenta minha inquietação
saudade é chuva que me inunda
o coração...
como o silêncio agora pesa!
ribombam trovões distantes
lembro a reza de menina,
a Santa Barbara Bendita
«que no céu está escrita com
papel e água benta
livrai-nos desta tormenta»,
relâmpagos serpenteiam
por instantes o céu, pelos raios lacerado
que me fascina,
o dia agonizado,
um fragor de granizo
surge sem aviso,
sacode o chão, vindo dos céus,
eu me entrego a Deus

nuvens negras de corvo
luz macia e lenta
e meu coração experimenta
o amor p'lo verso
que surge súbitamente,
vindo dum recanto da alma
inesperadamente a escapar-se por entre
os dedos, apagando os medos
neste fim de dia
negro, de sombras e nostalgia.

por detrás do vidro embaciado
abstracta, olho o arco-íris
imagens me vêm do passado
me arrastam num deambular de sentires
meu coração sente  e despedaça
enquanto a morte se aproxima ... a vida passa.

natalia nuno
rosafogo




2 comentários:

Edith Lobato disse...

Que poema espetacular! Linda e exuberante inspiração. Bom fim de semana. Bjs

orvalhos poesia disse...

Obrigada Edith, és muito generosa na apreciação.

bjinhos