quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

a paz em mim...




passa o rio desafogado
o vento por entre uma arvore e outra,
e há uma ternura espalhada
pela terra absorta.
junto à  janela me aquieto
meu olhar é fio preso à tarde,
e na proximidade
a noite e a sua palidez
e um arco-íris disfarçado
apaga-se da memória a solidez
fica o coração agastado.

tudo cabe numa lembrança
para lá do rio
ficou meu sangue enlutado
no corpo um arrepio
segue o rio desafogado.

para me lembrar,
inunda-me o cheiro dos laranjais
fecho os olhos e vejo as estrelas
e o rio já não é o rio, é o mar
de lágrimas do meu olhar,
é saudade entre sonho e verdade.

lágrimas que vêem da memória,
seco os olhos não vou esquecer
minhas raízes
nem meus sonhos, por mais
negros que sejam,
felizes ou infelizes.
continuo viagem
pé após pé
com fé!
sem paragem.
mergulhada no caminho
emaranhada no escuro silêncio
do anoitecer,
já os passáros anoitecem no ninho
e eu me sinto a correr,
no ventre da estrada da banda de além
onde já não tenho ninguém.
só meus olhos ficam colados
meus pensamentos retardados
e a paz em mim
e a paz sem mim...

natalia nuno
rosafogo
imag-net

o sítio da aldeia onde nasci tinha o nome de «Banda d'Além»



















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