domingo, 30 de julho de 2023

junquilhos na primavera...



entramos no caminho das incertezas
a alegria que nos iluminava
perdemo-la ao abandono
somos agora, paisagens de outono
que adianta dizer-te mais?
pede ao sol que amadureça a seara
no cinzento da tua mente,
que o coração resiste!
embora bata lentamente.

vamos adiando a espera
talvez vejamos nascer
os junquilhos na primavera.

refugiamo-nos em pequenas coisas
deixa que a serenidade 
possa estar na minha mão
sou um pouco de qualquer coisa
até um prego do meu caixão.

sou gaivota que sobrevoa
no silêncio da manhã
a saudade que não perdoa,
tristeza e monotonia
misturadas de esperança vã

procuro curar o coração
àquela que deixei de ser
- sou a que quer esquecer
o tempo, e seu obscuro poder

espero, como quem espera por um
estranho
num largo corredor, 
levo com apertado amor
o nosso sonho, de antanho.

natalia nuno
rosafogo





2 comentários:

Roselia Bezerra disse...

Boa noite de domingo, querida amiga Natália1
"A alegria que nos iluminava perdemo-la ao abandono".
Uma verdade triste dentro do amor que se extinguiu.
Tenha um agosto abençoado!
Beijinhos

Graça Pires disse...

Ver nascer os junquilhos na primavera. Refugiar-se nas pequenas coisas. Ser a gaivota que sobrevoa o silêncio da manhã. Para quê esquecer o tempo? É preciso vivê-lo com o sonho sempre por perto.
Que belo poema, minha Amiga Natália!
Uma boa semana.
Um beijo.