sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

a palavra abandonou-me...



trancada a porta corro a cortina
a palavra passa por mim excitada
e eu recolho num sono profundo
sonhando comigo menina
acordando só de madrugada.
levantei-me tarde
e a palavra abandonou-me
mas a verdade, é que preciso
de me sentir vazia,
deixar-me elevar a um estado de serenidade
próximo do paraíso...

há giestas em flor pelas estradas
o vento levanta a frescura
sei de cor as melodias cantadas
e a sua singularidade
traz-me à memória a ternura
da saudade...

mas hoje, estou de espírito cinzento
há qualquer coisa que não bate certo
a palavra anda sem emoção, sem alento
a alegria há muito arredia
- é o deserto
a tentar-me o pensamento.
o vento continua a soprar à minha porta
que importa ?
continuarei na errância dos meus sonhos
mesmo com a ingratidão da palavra morta...

 natalia nuno
rosafogo




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