segunda-feira, 29 de maio de 2017

quimeras...



Guardei os sapatos de cetim
E o vestido de levar ao baile
Juntei-lhe perfume de jasmim
Ficou na memória o xaile
Pobre do xaile e de mim!

Desvanecem-se os pormenores
A saudade é tudo o que resta
Dos bordados e bastidores
Dos meus primeiros amores
Quando a Vida era uma festa.

O futuro é corredor escuro
E o amor fogo que ardeu
E não há nada mais duro
Que na Vida o que se perdeu
Vejo-me ao espelho não sou eu
Já nem sei o que procuro.

Olhos às nuvens erguidos
Lembram mãos q' se apertavam
Lembram os beijos furtivos
Os abraços que se davam
Cartas escritas se rasgavam
Mas já esqueci os motivos.

Tenho que dar ordem à vida
O tempo é quem tem a culpa
De me trazer esquecida
Sem sequer me pedir desculpa.
Dor sem peso nem medida.

Tardava em adormecer
Amar era um trinta e um
Mas pior era não ter
Na vida amor nenhum.

Que importa!?Que me importa!?
O que lá vai é esquecimento
Trago a viagem já morta
Promessas leva-as o vento.


natalia nuno
rosafogo
Escrito há muito tempo vinte anos talvez, tinha o nome de Caixa de Pandora, mas já nem recordo a razão, hoje mudei-lhe o título, e é mais uma poesia simples que sai do arquivo.


4 comentários:

Betha Mendonça disse...

Melancolia, saudades, de alguém e de quem perdeu-se num ponto qualquer da vida. Desconfio a identificação que tenho com teus escritos dar-se por sermos do mesmo signo. Tenho dentro de mim sempre sempre uma inquietação. Bjs

Beijaflor disse...

Olá Natália.

Nada melhor que quimeras
Para nossa vida poder levar
Fazer do tempo primaveras
Em qualquer dia, ou lugar!

Este é o meu mundo preferido, as rimas!

A poesia não conhece a contagem do tempo! Razão pela qual os poemas são imortais! Que se abram todas as gavetas do tempo e delas saiam todas estas maravilhas!

Quanto ao livro, a sua saída só prova que a garra pela poesia está para ficar, e durar! E nas condições que é publicado, ainda muito mais te deve orgulhar. Quanto ao agradar, nunca se pode gradar a todos, mas isso sempre assim foi, e será! O importante mesmo, é que isso te deixe feliz. E disso nunca duvidarei, apesar de todo o trabalho! Fico muito feliz e contente por mais este passo importante na tua vida! E nunca esqueças: este trabalho não cansa nem mata, bem pelo contrário, é uma excelente fonte de vida!

Tudo de bom

Beijos






orvalhos poesia disse...

Bom dia amiga, conheces-me faz tempo, muito tempo... esse tempo que eu amei, no Luso e de onde trouxe bons amigos... como sabes o meu tema preferido foi sempre a saudade, a melancolia, a inquietude da alma, tem tudo a ver comigo, talvez porque apesar de tudo ainda viva num confiado sonho, sabendo que já não sendo jovem, vou cumprindo o destino pensando que ainda o sou...dou de mim à poesia e costumo dizer-lhe em segredo, tu não morres nem eu em ti, mas a mão que te escreve essa sim morrerá... fico grata pelas tuas palavras, bom saber que és do meu signo.

desejo-te continuação de boa semana bjs.

orvalhos poesia disse...

Olá João tudo bem contigo?

Como sabes também sou fã das rimas, e de quando em quando escrevo algumas que coloco no «Orvalhadas de Saudade» um blog que tem muitas leituras muito perto de cem mil, pelos vistos não estão assim tão fora de moda os leitores gostam.
Sabes o que penso acerca do que escrevo, sou sempre um pouco inconformada, gostaria de fazer melhor, mas ainda assim custa-me se ela morre comigo...coisas minhas, vamos esquecer.
Pois no dia 17 lá estou na feira do livro com mais um, veremos a aceitação, sabes que a poesia não é fácil de vender, mas o risco desta vez é do editor, a mim satisfaz-me, é mais um pedaço de mim que fica por cá. Entrei numa outra que sai também suponho em Julho, tenho muitos convites, mas poucos aceito, eu gosto é de escrever e partilhar.
Agradeço muito o teu carinho, a força que me dás obrigada amigo.

Beijinho