quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

se pudesse voltar...




Minha memória traz-me a infância
e a luz distante desse passado
me visita agora que é outono
onde destroçada me abandono.
tempo que folheio a medo
quando a noite murmura em segredo
que a vida não é regressiva
e só a saudade quer que viva
enquanto limpo uma lágrima
do rosto...
O tempo? Uma obsessão!
Uma fronteira que separa a vida
da morte...tal sorte
é sonhar, sentir-me ébria
numa estranha sedução que
repara a ferida
que há em meu coração.
Se pudesse voltar
ao tempo de sorriso aberto à flor da boca,
mas é tempo de solidão...
e a vida já tão pouca.

Os sonhos são fugazes
assola-me o intenso frio
nem o sol me alumia já com brio
nem a ternura aos olhos me vem
ergue-se a brisa, agita-me a memória
e mais além
tudo o que perdi,
treme o centeio ao vento
e eu penso em mim, em ti
e num vôo de gaivota lento
vou abrindo claridades
num coração repleto de saudades

julgo-me jovem para sempre
como se fosse da roseira a primeira flor
neste longo outono, onde o amor e
a vida ainda tem
uma pincelada de cor.

natalia nuno
rosafogo








4 comentários:

Beijaflor disse...

Olá Natália.

A vida terá sempre pinceladas de cores
Sempre que nela passeamos, sonhamos
Damos largas às nossas alegrias, amores
Suspirando sempre por quem amamos!

O tempo nunca anda para trás. Mas isso pouca importância tem. O que realmente conta e importa é aquilo que fizemos e fazemos com ela (vida). Recordar é uma outra forma fantástica de viver. O que é preciso é ter boas recordações. Quem as tem será sempre feliz. Sinal que viveu vive, uma vida cheia!

É sempre com grande satisfação que leio a tua poesia. A qualidade é como a do primeiro dia!

Tudo de bom para ti.

Beijos

João

orvalhos poesia disse...

Olá meu amigo, pois cá vou recordando e escrevendo memórias e mais alguma poesia, penso que muito ficará por escrever, e muito fica em arquivo, talvez por lhe achar falta de qualidade, dás-me coragem com as tuas palavras para os ir colocando, hoje publiquei um desses que não esperavam ser partilhados. Obrigada pela força!
Ando mal dos pulsos tive mesmo que abrandar, agora estou a recuperar...

Tudo bom João agradeço sempre as tuas palavras, desculpa se nem sempre te agradeço logo.

beijinho

Paulo Knop disse...

Lindo, muito bonito... estou sem palavras. Obrigada

orvalhos poesia disse...

Obrigado Paulo pela visita, fico feliz que lhe agrade a leitura de minhas singelas palavras.

Meu abraço