os poemas passam neste mar da vida
como naus perdidas na bruma
tal como a minha vida que se consumiu
e em meus olhos adormecidos, coisa alguma,
agora que o tempo sepulta tudo o que me iludiu
hóspede de mim mesmo é a nostalgia
reclamam de mim os sonhos que não levei
avante
e a tristeza de tê-los abandonado, um dia
já distante.
o papel vazio toca o meu coração
nele vislumbro um milagre incerto
os pássaros pressentem esta minha solidão
e vão-me cantando hinos d' amor, por perto
contam-me minhas vitórias de criança
em sonhos de luz e fragrância,
choram os orvalhos dos trevos
- que deixei à distância.
natalia nuno
rosafogo