sábado, 25 de dezembro de 2021

este é o meu sonho...





chora a árvore, cai a chuva no ramo
choro eu quando a saudade
leva pra longe, quem amo.
silenciosamente como agora,
de coração partido,
uma lágrima se quebra no vidro,
nesta hora, minha vidraça comovida
dá conta da tua partida.
espero por ti, até as árvores terem
folhas douradas,
até serem p'lo vento levadas e,
minhas memórias misturadas.
e numa tempestade de emoção
dobram-se sentimentos em amarga solidão.

há palavras não ditas em agonia
palavras perdidas cheias de amargor
na mente giram pensamentos
e eu espero temporadas, por ti, amor.

se minhas noites não se aquietarem
meu coração quebrará em pedaços
não haverá noite enluarada
enquanto não me sentir em teus braços.
quero ter-te no meu sorriso
ter teus olhos olhando os meus
é tudo quanto preciso
para sentir-me de novo menina.
suspirar e, cair como uma estrela do céu
deixar que tua voz ressoe como um sino
e tocar o sonho meu,
o de voltar a sentir-te menino.

natalia nuno
rosafogo
este poema levou anos para sair 
da sebenta. 
02/1995




sonho que é miragem...


vêm as aves saudar-me
por entre  folhagem
trago da infância esta tão nítida visão,
o redobrar do canto, como que a chamar-me
havendo entre nós hipnótica atração
já não existe o tempo
desagregou-o o vento
nem céu azul, nem estrelas
ou seria o meu pensamento
que ao ouvir o meu lamento
se cansou de vê-las?
já não há saída deste labirinto
o que resta deste mundo é nada,
assim o sinto!

procuro uma palavra que seja
uma porta de saída,
neste poema quase sem vida...
sou uma história que se esquece
deixo um sonho inacabado
e o mundo para mim fenece 
dou meu tempo por terminado.

vêm as aves saudar-me
por entre  a folhagem,
no sonho já não ouço o borbulhar do rio
já não existe nele  minha imagem
vai-se o sonho, a pensar me ponho,
- sinto a vida presa por um fio.

natalia nuno
rosafogo