quarta-feira, 15 de outubro de 2014

ave sem ramo...



andorinhas volteiam no azul do céu
os estorninhos abalam em debandada
olhar que em mim mudou, que fiz eu?
que pelo jugo do tempo fui apanhada

pensei eu que meu coração asas tinha
julguei-me feliz em  doces encantos
viva, era a saudade que me mantinha
e sonhos eram mil... eram eles tantos!

trago agora cabelos de neve extrema
logo a vida envolta em névoa escura
se é a vontade de Deus...ela é suprema!

lá ficou para trás ... a tão florida idade
e tudo o tempo me trouxe, menos a cura,
apenas dos anos restam danos e saudade

natalia nuno
rosafogo
imagem ret. da net.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

meus passos...



num lapso de tempo foi-se a vida
felicidade é como água que corre
de cheio e vazio, descida e subida
tudo à mercê do tempo vive e morre

mergulho num torvelinho de ideias
à mente os anos felizes descuidados
ainda ontem comigo, paredes meias
hoje fardos a cada dia mais pesados

num vôo como águia no céu planando
ou como uma pena levada pelo vento
entre dúvida e esperança vou acabando

meu sonho é vela já meia consumida...
na tremura dos dedos procuro alento
uma razão, raiz que me agarre à vida


natalia nuno
rosafogo

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

enlouquecida...



tal como uma criança que se inebria
eu sinto, sinto meu coração a bater!
o corpo se entrega à dança, rodopia
neste amor, quero deixar-me morrer

intacta, tão grande é minha saudade
tanto quanto o céu entre as estrelas...
jorra o sol bem no coração da tarde
pinta-me o rosto em sombrias aguarelas

sem tempo, sem limite e nem medida
meu temperamento é agora de paixão
olho o negro da noite... negro carvão

embebeda-me de promessas a vida
q' importa ter mais ou menos idade?
se sou Poeta e dou a mão à saudade.

natalia nuno
rosafogo


domingo, 12 de outubro de 2014

odor a jasmim... recordar o passado



são poucas as palavras por dizer
sinto-as imóveis na garganta
numa desolada hesitação
e o olhar vai-se a perder
esgota-se na imensa vastidão,
insegura é minha presença
os passos o vento arrasta
a saudade de ti é imensa
cerca-me a solidão...
refugio-me na noite silenciosa
sinto na pele a falta da tua mão
como uma orfã com medo
que cresce em mim e é obsessão.

o silêncio leva-me distante
enquanto a água me ensombra os olhos
deixa em mim a tua recordação
e aquele rio de amor...
odor a jasmim nas margens, é
ternura com  que te abraças
ao meu corpo incendiado,
contemplo agora teu rosto
e sonho, com o sorriso nele derramado

prende-me o sonho colorido
por ele passam os dias da minha vida
perante meu olhar comovido
e a memória quase esquecida

natalia nuno
rosafogo