quarta-feira, 28 de novembro de 2018

saudade, forte refúgio...



lembro quando os pirilampos
corriam à minha frente
iluminando o caminho
e eu inocentemente corria
e a terra já dormia
as estrelas olhavam-na do céu
o vento brincava nos meus cabelos
que caíam em anéis espessos
e meu riso soava doce
lembro-me como se hoje fosse,
o orvalho tombava do céu
tão puro quanto eu.
já dormiam os vivos
os pássaros recolhidos no ramo
só os pirilampos me faziam companhia
também som das águas do rio que da janela
ouvia...

o vento sempre me fala da saudade
saudade do freixo, saudade do açude
e da menina que nos sonhos vejo
a atravessá-lo amiúde,
quando é maior a solidão
e o sonho ilusão
volto à meninice, onde os pássaros cantam melhor
e o rio chama por mim
eu sonhadora lá acudo ao chamamento
e vou ao lugar de onde vim
e se por ventura o moinho ainda chora
interrogo o vento na hora
invento, invento como se os pirilampos
ainda estivessem por perto
e com o coração aberto
tudo o resto passa ao lado
dos meus olhos fechados
.....................

tudo isto sonha o poeta
mas o poeta não sabe nada
fala por ele a saudade, quando
faz poemas na madrugada
saudade é sua chuva seu sol,
seu ânimo para qualquer ocasião
é o acomodar a paz no coração.

palavras e lembranças, adoçam-me a boca
aos ouvidos fazem cantar os pintassilgos
docemente... e assim, ainda me sinto gente!
neste mundo meu, há lírios que a memória retém
que só eu vejo crescer, que serão o embalo
do inverno que aí vem...

natália nuno
rosafgo




domingo, 25 de novembro de 2018

vento da minha imaginação



 morreu o vento
 choram meus olhos em desalento
 e o dia entristecido já declina
 a chorar a chuva fria e fina
- fecha-se o céu em escuridão
 nada se conhece, para além do que parece...
 meus olhos a querer decifrar
 teu coração e sem nada descobrir
 nos olhos que venho a amar
 se hei-de ficar ou partir!
 morreu o vento
 no ar se dispersa meu pensamento
 sou mortal que ama e sente
 às vezes sofro resignadamente
 - a vida reduz-se a nada
 se não me sentir amada
 como um mar que brame
 se não tenho quem me ame
 mas tudo se atenua
 no peito o sonho a transbordar
 serei tua se me souberes amar
 se fôr grande o sentimento,
que importa se morrer o vento?!
experimenta! ... o amor, não se acorrenta.

natalia nuno
rosafogo