quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

pequena prosa poética...pela friura da vidraça



pela friura da vidraça olho vagamente o céu de azul, leve... bordado a branco, como quem desperta dum sonho, é manhã, entre a realidade e a memória consumida ouço o palpitar do mundo nas papoilas que gritam feridas pelos ventos agressivos, pressinto no vai vem dos pássaros que flutuam na minha retina a querer ocultar-se , que o instante não é uma dávida de amor, e o mundo fica trémulo num vôo retido...à espera que passe a hostilidade entre os homens, enquanto os meus dedos febris procuram a pomba branca e um raminho de oliveira repetindo palavras na solidão da hora...

natalia nuno

sentimentos...



se me quiseres ouvir,
amiúde vou suspirando
passa o tempo e eu a sentir
o que a vida está causando

como eu me sinto ir...
que me passe tal sentimento
que só de pensar partir
não é ventura é tormento

perdoa se não te digo
a dor que causa este lamento
teu coração onde me abrigo
e tanto amor acalento,
qualquer pequeno cuidado
que o enche de sofrimento
o meu o sente redobrado
não é ventura é tormento

as minhas mãos de partida
vão escrevendo o que sinto
embarcámos nesta vida
e agora eu pressinto
com pena tão desmedida
que temo ver-me perdida.

o tempo atrás doutro vem
e não perdoa a ninguém!

natalia nuno
rosafogo




terça-feira, 21 de janeiro de 2020

abrir-me em flor...



dá-me a esmola dum sonho
quero sentir-me em paz
se o futuro não é risonho
preciso desse amor
mesmo que seja falaz.

nada como ele me inebria
e seduz, ainda que seja miragem
quero te-lo comigo todo o dia
nada a esse amor se assemelha
nesta vida que está de passagem

ser dona do teu riso entreaberto
nada que a felicidade possa quebrar
felicidade a de ter-te por perto
amar-te é abri-me em flor
é a magia dum sonho a medrar.

natalia nuno
rosafogo


que importa?...



que importa que o vento leve
mesmo que a agitação me entristeça
os sonhos, se a maré me arrasta
se a juventude foi breve
e a vida se afasta.

que importa se o sonho se vai
se já não me prendo à dureza do mundo
se trago uma interrogação que resiste
mais e mais um queixume,
um anseio profundo

que importa se a oscilação é imensa
se vale ou não viver, ainda este outono
saber o que de mim a vida pensa
até onde ascende a solidão
e o abandono

que importa um longo reflectir sobre o futuro
que traz sombra à noite da alma
oiço o rumor do tempo que é enigma, é duro,
e sem uma centelha de felicidade
em nada me acalma.

natalia nuno
rosafogo



morrer d'amor...



nos teus braços amor, esqueço
o mundo!
e é como se entrasse num sono profundo
sereno e perfumado,
de doçura e amor,
onde me faço flor
singela do prado,
tocada pelo vento,
a estremecer...

nos teus braços meu amor
que importa d'amor morrer?!

quando do sonho despertar
então morrer por morrer!
que venha teu profundo olhar
que só ele a morte pode vencer.



natália nuno
rosafogo


segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

pequena prosa poética... talvez me mortifique



talvez me mortifique no vazio da espera, o sol hoje trouxe emoção a pequenas coisas, tocou o meu coração, e, eu toquei o horizonte azul dos sonhos, aos olhos voltaram os pássaros de ternura, na mente o sussurro enfeitiçado da felicidade e, nas mãos molhos de trevos avermelhados colhidos na aridez da alma, onde brota sempre uma esperança...

natália nuno
rosafogo
imagem pintarest