sábado, 9 de julho de 2011

CÁLIDOS MOMENTOS



A agulha do relógio move-se com destreza
Enquanto os lençóis ouvem murmurar
Entre o passado e o presente, a certeza
Que os sonhos ainda se fazem esperar.
Quiz Deus que assim fosse
Sem venenos nem rancor
Vestígios duma vida doce
Mas nem tudo foi perfeito...amor!

Aproximo de ti os meus braços
Vou procurando a tua mão
És a sombra dos meus passos!
Obscura é a solidão.

Mas o sonho é ainda fulgurante
A esperança possível e vibrante.

Raiz que me prende à vida
Sonho da minha juventude
Extase que dia a dia
me deixa surpreendida
Quero amar-te a cada instante
até à partida.
E o tempo amor... me aturde!


rosafogo
natalia nuno

sexta-feira, 8 de julho de 2011

A SOMBRA DA AUSÊNCIA


O teu corpo é como se fosse
o meu único destino,
quando não sei
como encontrar-te.
O meu olhar te rodeia repentino
E no vazio do meu corpo
vou vivendo para amar-te.

Assim vou tropeçando e caindo
Neste destino cansado
E no meu peito sentindo
Este amor arrebatado.

Inquieta, cega
e desmemoriada
Teu corpo é minha terra, o meu mar
A luz dos meus olhos incendiada
És meu tempo, minha vida, meu respirar
Corro alegre na vastidão do Outono
Em plenitude e alvoroço
Iluminada me deixo ao abandono
Sou jovem, a desejar-te
Quando no silêncio te ouço.
No silêncio,
onde não sei encontrar-te.

A sombra da tua ausência
Deixa em mim!
Uma ferida em permanência
Uma inquietude sem fim.

rosafogo
natalia nuno
imagem ret. do blog imagens para decoupage

quinta-feira, 7 de julho de 2011

LEVE ARAGEM



Olho as ondas do centeio
Sinto-me cavalo selvagem
Sinto o aroma húmido da terra
O abrasado do sol pelo meio.
À tarde uma leve aragem.
A maciez e frescura,
no meu corpo ardente,
o renascer dum velho desejo
Vem ao meu coração carente.

A felicidade atravessa a minha pele
E me reconcilio com a vida
Mas esta minha inquietação
é fel...
Lá se vai a vida colorida,
o sonho, a juventude, a ilusão.

Da terra sinto a mansidão
Os pensamentos vão-se desenrolando
E me julgo jovem para sempre!
Vou ao encontro do meio dia
Há flores abertas no meu coração
Cheias de seiva e ternura
A luz do sol me acaricia
Até que surja a luz austera
da noite escura.

Pouso os olhos no azul do céu
Já voa o último pássaro na tarde
Fecho os olhos, volto ao mundo que é meu,
Esvoaçando fresca na saudade.

rosafogo
natalia nuno
imagem do blog-imagens para decoupage

quarta-feira, 6 de julho de 2011

MOMENTOS



Tenho saudades daquele riso
que me tornava alegre
e que eu acreditava que seria perene,
quando só existia confiança
e ainda que frágil
me sentia protegida.

Inunda-me o silêncio,
estende-se pelo meu corpo,
penetra nas minhas raízes,
entrança-me as palavras nos lábios,
e estorva-me o ar que respiro.

rosafogo
natalia nuno
imagem do blog-imagens para decoupage

MIRAGEM




Há um momento que parece esperar-me
Ou serei eu que o invento ?
Por tê-lo perdido!
Uma criança a olhar-me...
Sinto-a de perto com um denso odor,
acenando-me,  de olhar caído.
Criança sem tempo nem idade,
olhando-me com amor.

Me desencaminho só de a sentir!
Fatigada por horas de delírio e saudade,
deixo a vida fluir.

Seus olhos vão-se entreabrindo.
cada vez mais longe menos ao alcance,
como se de mim fugindo.
Mas a memória vai-se precipitando,
como ave atravessando o céu,
abrindo e fechando
as portas deste coração meu.

Momento de sempre e de agora
No verde dos olhos o esquecimento
Fecho os olhos vejo-a na obscuridade
Misteriosa, me acena e vai embora!
Mas volta sempre noutro momento.
E eu  pressinto-a sempre,
na minha saudade.

Chega sempre com a  solidão,
também ela flutuando
Até onde me leva a paixão,
deste momento?
Já dela
meu coração está distando.
Na saudade a acalento.

rosafogo
natalia nuno
06/07/2011

segunda-feira, 4 de julho de 2011

LINHA A LINHA



Perscruto as profundezas
do teu olhar
E meu coração muda de lugar
Sem que dê pela mudança,
esquece o tempo, julga-se imortal
Cresce nele a esperança,
É seu destino amar
Assim, é fatal.

Para as tristezas afogar
Vai ocultando a sua dor
Seu murmúrio tem o som do mar
Quem o escuta ouve a voz do amor.

Ouve-lhe os segredos
Sente-o perdido em nevoeiro baço
Escondendo os medos
A vida do avesso
Procura acertar o passo
Ai...como eu o conheço!

Mas deste mal eu padeço
Olhar teus olhos bem fundo
E achar que os não mereço?
Se acaba o chão e o mundo.
Resta-me ainda a lembrança
Neste peito nu é ventura
Quando choro me traz bonança
Passa a dor, torna clara a noite escura.

E neste meu viver singelo
Recordo com natural tristeza
Não quero esquecer o que foi belo
Deixo em palavras de singeleza.
E à vida que eu amo tanto
Tanta vez ela me afronta!
Lhe deixo este meu canto
Na esperança,
que a vida não me interrompa.

rosafogo
natalia nuno       

domingo, 3 de julho de 2011

ESCREVO PARA FUGIR



Não basta, não basta querer
os passos deter!
Sempre mais uma ruga no rosto
Carregada de mágoa infinita
Onde o silêncio tem seu posto
Assim, não nos deixa esquecer
E nos traz este sentimento inquietante
Porque sempre se acredita
Que a morte vem distante.

Escrevo para fugir
Pensando o tempo enganar
De que serve outro caminho seguir
Se a morte acaba por chegar?

Não basta, não basta querer,
fazer contas de cabeça
Que a morte há-de aparecer
Não há nada, nem ninguém que ela esqueça.

Não basta, não basta querer
Também o sol deixa o horizonte
Um dia a morte vai trazer
beco sem regresso, lágrimas que farão a ponte,
o silêncio que indica o fim.
E fará à terra a entrega de mim.

rosafogo
natalia nuno

imagem retirada do blog para decoupage.

ÚLTIMO INSTANTE



Devagar subo a ladeira
Olho os goivos e os malmequeres
Até que Deus queira,
Lá vou subindo o empedrado
Será que ainda me queres
Com a força do abraço apertado?
Ouço o rumor da vegetação
Sinto o frémito do teu abraço
Espero um sinal de ti
Um sim...ou não!
Para te seguir sem cansaço.

Surge um cheiro a maresia
E eu descanso da viagem
Espero a hora, anseio o dia
Para erguer os olhos com coragem.
Já me confunde o vento
E o gotejar da água
Nenhum rumo, nenhum lamento
No teu lugar mora a mágoa.

Ouves os pássaros que não cantam?
E o rasto das nuvens que choram?
Caem gotas na lembrança me desencantam
Minhas mãos postas já não oram!
E assim meu olhar endurece
Meu sorriso é estrela cadente
Faço agora uma última prece
Para que o amor em nós
seja sol nascente.

Já o vento atravessa as folhas
Deixando-as por aí à solta
Meu amor quando me olhas
O amor me trazes de volta.

rosafogo
natalia nuno

MINHAS PISADAS



Formigas trabalham o dia inteiro
Limpando, carregando o celeiro
E eu libelhinha distraída...
Esvoaço, com medo da vida
Que me faça cativa...
Me estenda uma cilada
Me deixe de asas caídas
Ser e não ser... não ser nada!
Minhas palavras emudecidas.

No vaivém do vento
Andam lágrimas em desespero
Ânsia de ter livre o pensamento
E os sonhos? Para que os quero?
Já vou alargando o passo
Descalça sigo em liberdade
A terra vai apagando meu traço
Meus anos se queimaram na saudade.

natalia nuno
rosafogo