sábado, 19 de setembro de 2020

no rio que no meu íntimo corre...

 


no rio que no meu íntimo corre,
desperto na margem, ansiosa,
recordando este amor que não morre.
com sede de prazer quase ali à mão
logo as bocas que se adivinham
e devoram, entram no fragor da festa
e eu sonhadora deixo cair a primeira
lágrima de resignação...
e é a imagem da tua face retida
que me leva a este sonho de ilusão
esfuma-se o pensamento lentamente
como nuvem que passa,
enquanto o sonho me abraça.
o tempo, arranca a venda dos meus olhos
e lembra coisas esquecidas no vazio da mente
esquecida ainda que não de tudo,
vivo neste silêncio mudo
que afugenta meus cálidos anos
e, aqui fico cruzando o teu olhar longínquo
já não sou a que me nega,
mas sou a que ao amor ainda se apega!
abre uma brecha na memória
lembrando nossas bocas que de beijos se devoravam
e logo nossos corpos se aprisionavam,
perdidos no mais intenso amor.

natalia nuno
rosafogo
desafio do amigo Paulo César
com o seu verso «bocas que se adivinham e devoram»




toda a saudade dói...

abro as palavras mais puras
e chegam-me aromas intensos
que nascem das tuas
juras d'amor...
sonho com um beijo onde o dia amanheça
e o querer dar-te a minha mão
para que o coração estremeça,
treme nesse instante de felicidade
e meu corpo é todo ele um mar de saudade,
mar que me enlaça nos teus braços
tantos abraços!
mais uma lágrima chorada
toda a saudade dói no sorriso que revelo,
tudo é delírio, labirinto duma vida mal contada
e para mim mesma, minto
trago o amor do avesso e não dou por mim errada!
consumimo-nos na própria fogueira que é viver
de onde dia a dia queremos renascer.
nesta luz matinal, tão cheia de sensualidade
nossos corpos se incendeiam
labaredas ateiam, morremos na saudade
de alma solta, neste tempo de Outono, tempo que não volta!
tempo tristonho, onde passo do canto ao pranto
mas, não fracassa a recordação, a saudade dói,
ainda te amo tanto!
natalia nuno
rosafogo
O meu amigo o Poeta Paulo César deu-me o
desafio de criar um poema com esta frase «toda a saudade dói no sorriso que revelo», desafio que aceitei com todo o gosto.
imagem pinterest.

terça-feira, 15 de setembro de 2020

a saudade invade-me a memória...



a saudade invade-me a memória e faz-se poema, poema de vida, lembrança de infância e de juventude veemente, idades do nunca mais, nostalgia, deslumbramento, é tudo que meu coração sente, a saudade não me deixa fracassar, não quero cair na desmemória, meu corpo a cada manhã sonha viver mais um dia, onde eu seja esquiva gaivota à descoberta de novos céus, abrindo palavras para um novo poema, e na cegueira do desejo aguardar por mais um beijo e amar tudo o que me resta amar, é tudo isto a razão do meu pulsar, esquecer a amarga dor da tua ausência, serás sempre do poema a essência, doce e inocente esta magia com que te olho, o amor é uma obsessão incendiada, uma música em delírio obstinada...os passos da memória por entre madressilvas e alfazemas.

começaremos de novo amanhã



começaremos de novo amanhã, recordaremos que sentimos frio, chegar-nos-ão vozes do passado, mas optimistas amaremos a vida sem que o teu olhar macule a alegria do meu, chegarão horas de solidão, de recordações, e com voz ainda clara e a mente em harmonia, palavras cálidas diremos um ao outro... não sei se o novo amanhã ensombrará os nossos olhos... não, isso eu não sei... ou se a solidão será definitiva, talvez nosso amanhã nasça já sem horizonte, mas não fico atada ao medo, beberemos mais esse dia, como se fosse o sumo dum fruto, deixaremos que o sol gire nas nossas mãos, havemos de encontrar motivo que ilumine com veemência o que já não volta...

natalia nuno
rosafogo
imagem pinterest

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

quebraram-se as nuvens...


quebraram-se as nuvens, o chão ficou molhado de giestas, imóveis os pássaros no vidro quebrado dos meus olhos permanecem ainda na memória d' outras primaveras onde me falavas d'amor e as roseiras não tinham espinhos, quando tu eras, a bruma,  o nevoeiro, a esperança de coisa alguma, o sol que queima, o meu amor primeiro, por quem meu coração sempre teima... aceita palavras de saudade porque minha esperança não aceita a despedida.

natalia nuno
imagem pinterest


a natureza abre-se...




a natureza abre-se ao meu assombro, afasto-me da gente que passa, volto ao sossego do meu pensamento, às vezes converto-me noutro ser, o meu corpo é um mar e na corrente os meus sonhos embarcam, o tempo é abolido, e eu prossigo na luz da quimera confiada num milagre... de repente quando a turbulência aflora, caio na realidade, ficam sem luz as paisagens do meu olhar, interrompe-se o vôo ardente do meu sonhar...

natalia nuno
imagem pinterest