por estreitos caminhos
espreito os céus
sem nenhuma certeza,
apenas um sentimento vazio
e na alma um cinzento frio
soltam-se dos meus dedos
as vogais
e na garganta ficam-se os ais
teço a vida
com um punhado de nadas
gasto o tempo a pensar
no que fiz
os sonhos, são águas paradas
lento desagregar
dum fogo feliz
preciso de florear caminhos
já que a morte neles espreita
minhas mãos são aves
sem ninhos
já nada semeiam estão desertas
uiva a insistência do esquecimento
mas não cala a dor
- do pensamento.
natalia nuno