sábado, 16 de abril de 2022

os dias todos iguais...








volteiam asas de borboletas
dentro do meu pensamento
pairam sobre as violetas
do jardim do meu lamento,
enquanto passa por mim a aragem
e a vida sobra, da que levo já vencida
e no anseio da viagem
sinto a vontade perdida.
sinto as horas a correr
e à noite pela calada
é a tua ausência a doer.

é como se não se passasse nada!

os dias todos iguais
penso eu com insistência
que nada valem meus ais...
do que foi minha existência
embalo ainda o que me basta
para a vida ter sentido,
mas o coração não se afasta
de andar p'lo teu tão perdido.

há sempre um sopro que corta
o vôo dos pássaros em sintonia
ao passarem rente à minha porta
acalentam o sonho por mais um dia,
e quando a noite cobre de escuridão
há sempre um pouco de luar
neste meu coração
que tem por vício te amar.

natalia nuno
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asas do silêncio...



nosso jardim tem uma palmeira
que ao sol estende os braços...
voam pássaros mansamente à sua beira
enquanto morro na voragem dos teus abraços
que loucura nos invade?
de tanto sonho perdido,
resta em nós só a saudade.

natalia nuno
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quinta-feira, 14 de abril de 2022

saudade...



recordei este pequeno e modesto poema... escrevi-o,  teria os  meus 16 anos, quando os rapazes da minha aldeia morriam na  desastrosa Guerra do Ultramar,  tal como a que a Rússia provocou agora na Ucrânia.



Calado este entardecer!
não se ouve nem um rumor
alguém acabou de morrer
não voltará a ver seu amor,
nem terá beijo de despedida
porque a guerra de horror...
lhe tirou a vida!

A chorar fica, 
quem o amou na vida
cultiva uma rosa branca,
no seu coração ele vive
do lá ninguém lho arranca,
de dor agora sobrevive!

Prá morte a guerra lho levou.
o matou sem dó nem piedade
ela tanto por ele chorou
e hoje morre de saudade.

Restam-lhe as juras de amor
e lágrimas dos olhos caídas
as lembranças são de dor!
recorda horas d' amor vividas.


natalia nuno
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