quarta-feira, 11 de maio de 2022

tempo sem idade...




meu tempo, é tempo sem idade
suavizado pelo sol do teu olhar
meu corpo permanece no silêncio da saudade
onde meu sonho ainda se faz rolar
passou o tempo e eu desprevenida,
mas o amor ainda brilha como luz de estrela
sinto o coração a bater com vida
e a saudade... não posso viver sem ela!

trago a saudade docemente pela mão
e o amor caminha nas ruas do coração
feitos de memórias são agora meus dias
e os pensamentos são como abrigo
onde pousam tristezas e alegrias,
e a liberdade de estar a sós comigo.



natalia nuno

quase silêncio...




quase mágico seu rosto
labirinto de memórias
olhos que soletram o sol
são a linguagem dum silêncio
arrebatado, onde as palavras são substituídas
por música vinda do coração...
jamais se é o que se foi!
jamais se respiram as fragrâncias de Setembro
agora me lembro que o inverno se inicia
e a vida fala em sua mudez
amanhã talvez
uma rajada de pássaros cante no arvoredo 
do coração que ainda palpita,
voa e sonha sem esmorecer,
grita, suplanta o medo,
apesar da saudade às vezes o incomodar
a qualquer hora, 
deixando-o na solidão,
de uma velha dor, onde não quer ficar.


natalia nuno
rabiscos (1972)

terça-feira, 10 de maio de 2022

de tão pouco saber...


é como se palmilhasse muitas estradas
olho agora as minhas mãos flores de outono,
que insistem em querer ser amadas
antes que a este corpo chegue o sono.
às vezes pergunto-me porque ainda caminho
se me sinto borboleta já de asas queimadas,
de tão pouco saber...nada sei, nem adivinho!

levo os olhos baços
e são tantos os passos
que as memórias se perdem e enlouqueço,
ébria de saudade dos beijos e dos abraços
limpo as lágrimas e logo tudo esqueço.
ponho no rosto um sorriso doce, 
sento-me um pouco na ribanceira da estrada, 
deixo-me em pensativas emoções, 
um baloiço levado pelo vento
uma história infantil cantada, um nó de ilusões
e  tudo volta de novo ao pensamento.

levo a respiração ofegante
e sombrio o rosto que já não conheço,
dirijo o olhar para o horizonte neste instante
e pergunto-me, até quando este caminho?!
reconheço que nada sei, gastei as asas na travessia
-a vida é nuvem em correria!

natalia nuno