sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

ternura...



olho esta fotografia
e me vêm palavras de sol ao poema
nasce vida no meu pensamento
tomo alento,
nem tudo é feio como parece
elevo a asa da minha mão
e escrevo o que me dita o coração.

aos versos desce a ternura
cristalina e pura...
acato o que o destino me destina
o tempo me mostra outra luz
a vida acontece, como quando era menina.
minhas asas são agora nostalgia
trazem consigo minha bagagem
versos feitos à minha imagem,
não há prodígio maior
que relembrar o que foi um
grande amor...

natalia nuno
rosafogo


passo o tempo a desejar-te...



passo o tempo a desejar-te
como se tivesses partido
e o tempo sempre a chegar-se
a ofuscar-me o sentido
volto à felicidade d'outros tempos
a ver-te chegar
recordações fugazes como pirilampos
voejam nos lençóis quentes
onde os nossos corpos de desejos
se entregavam em caricias
e beijos...
escuto o silêncio, as horas deslizam
e a lembrança daquele tempo
me põe louca
passa um doce vento e num beber lento
teus lábios entreabem minha boca
mordo a polpa fresca que me ofereces
a recordação é agora ilusão
que se aperta contra o peito
e como naufraga esqueço o respirar
para no teu beijo me deixar afundar.

verdeja o meu instinto, não minto!
que outros sonhos inventar
se passo o tempo a desejar-te?

natalia nuno
rosafogo

a menina em mim...



murmura a noite e o vento
a memória leva-me ao esquecimento
de mim, fico ao relento,
e a solidão cresce às primeiras sombras
a vida que às vezes parece mansidão
noutros momentos se ensombra
insegura, pergunto-me como será
quem fiel me recordará
no tempo...
e, a memória procura
no tempo que se arrasta
a criança que em mim perdura
caindo cansada, do tempo prisioneira.
a noite cresce nos seus olhos
traz com ela um raminho de oliveira
e um sorriso de murta e jasmim
a menina que espanta o frio
quando a vida chega ao fim!
espanta ventos e o vazio
e os rouxinóis acorda em mim.

contente como só as crianças se atrevem
porque à vida nada pedem
e nada devem...

natalia nuno
rosafogo

segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

noite de Natal...


uma alegria estranha
vozes diluem-se à distância
ecos ao longe, vindos
da infância... gente ordeira
e submissa, tocam os sinos
não se escolhe o destino
lá vão todos à missa.
é noite de Natal
grande paz, bulício de estrelas
música irreal, oração
origem da minha verdade
verdade que não desejo perder
e do lado de cá da vida
a saudade...não quero esquecer!
uma noite fria
a brisa fina e eu menina,
todos presentes, «agora ausentes»
são um todo real
nesta noite fria de Natal

tudo envelheceu perdeu o encanto
e, o eco espectral leva-me a memória
às longínquas noites de Natal...que,
eu ainda lembro tanto...

natalia nuno
rosafogo

domingo, 22 de dezembro de 2019

arco íris do pensamento...



Sou o verde do arco íris
a esperança me nasce todo o dia
faz sentido se me vires
no olhar tamanha alegria
trago pássaros no ramo
do pensamento,
e outros virão
chilrear de contentamento
só por saberem que te amo
e quero à vida com paixão

Sou o vermelho e o azul turqueza
pássaros em mim de súbito a cantar
ficam por ter a certeza,
que um dia irás voltar!

Dos girassóis sou o amarelo
sinto no peito o rosa a florir
o lilás também me dá jeito vê-lo
quando na solidão te vejo partir
é este o curso do meu destino
e já se anuncia o fim do Outono
meu dia tão pequenino
as horas fantasmas onde 
a sonhar me abandono...

natália nuno
rosafogo

versos humildes...


Ah! Meus versos são de sonhador,
minha alma floresce com a madrugada
trago no peito a jóia que é o amor
estremece-me a voz apaixonada
há rosas e lírios no meu jardim
que abrem e odoram
quando me beijas a mim
sonhos que não morrem mais

Ah! Meus versos são de sonhador,
sonho dum rosto que emudece
onde o sol já não brilha,  
e a vista entristece,
de humildes, são tão divinais
versos de palavras brandas e modestas
rompem dum peito que jamais
o amor enfada,
e neles sou uma ninfa enamorada

Ah! meus versos são de sonhador.
onde a saudade cresce e se mete
e o amor sempre promete
doce canto, ou triste pranto.

natalia nuno
rosafogo