sábado, 21 de abril de 2012

LIBERTAÇÃO



















No dia em que  não existir,
que meu corpo se apague,
Que o rio se alague,
com a mesma fúria do dia em
que nasci!
Para acalmar a chegada abrupta
da morte.
E quando o silêncio me desamparar
e ficar sem norte
Restará de mim a tal angústia
no último poema
que escrevi.

Apagada no tempo
sonhadora... memória
sofredora,
que se liberta do medo de outrora.

Do caminho e da inútil jornada,
do quotidiano cinzento.
Vestígios duma vida que agora
é nada.

O tempo já não existe, então
nada do meu mundo resta.
Serei sombra dum sonho inacabado
Uma sombra na multidão
A esperança impossível
O vento aprisionado.

E meu corpo que foi manhã,
meio dia e bela tarde
Já não é mais verdade,
levanta-se o vento estremecendo
E ali mesmo acabarei morrendo.

natalia nuno
rosafogo













sexta-feira, 20 de abril de 2012

SOLTO A ALMA














Choram os olhos do céu
copiosamente
lagrimas de solidão.
Ri a terra de contente
Abrindo-lhe o coração.
Também choro em desespero
P'la vida que perco, mas
tanto quero.

Campos verdes, cavalos à solta
Sorriem mimoseiras em flor
Já a juventude não volta
E é fugaz o olhar do amor.

Já no meu rosto a chuva cai
Enredo-me de novo no esquecimento
Sobre mim a serenidade recai
E o inverno que me tolhe os gestos
é silencioso e cinzento.

É justo que lamente,
e a saudade venha o peito extravasar
Só quem não vive não sente
E eu vivo para lembrar.

natalia nuno
rosafogo
imagem rertirada da net.

ABRIL








Desabrochou agora Abril
Mês que tudo floresce!
Esqueça-se o mundo hostil
E a esperança logo cresce.

Vem e dá-me a tua mão
Aqui é o nosso lugar!
Da  existência a razão
E a razão para  lutar.

Liberdade é a esperança
Deste povo amarfanhado
Traz Abril na lembrança
Ardente vento perfumado.

Traz na garganta o grito
Doutro Abril, a lembrança
Nos corações traz escrito.
Resto de alguma esperança.

Quer no sonho avançar!
Num manancial de nova vida
Abandonar o sonho no limiar?
Não!Nem a memória perdida.

Chuvas de Abril, alecrim
Verdes prados, sementeiras
Tantos cravos ...um jardim!
E para lutar mil maneiras.

Emudeceu todo o Povo...
Amarfanhado em sofrimento
Mas Abril virá de novo!
P'ra acabar com tormento.

natalia nuno
rosafogo

imagem da net

quarta-feira, 18 de abril de 2012

HÁ UMA LÁGRIMA QUE SECO














Há uma lágrima que seco.
Angústia que só o coração conhece,
e no peito faz eco,
dum bater que esmorece.
Na lembrança de cada beijo,
o tempo retrocede como por magia.
O amor atinge o cume,
e o desejo.
E a dor no peito se abrevia.

O tempo é uma infinidade,
tempo sem medida...
Enorme nostalgia é a saudade
Que é no peito, ora um sol,
ora uma ferida.
Agonizam as minhas mãos de
cegueira,
a tremer de acarinhar o nada.
Repousam da canseira,
são sombra duma vida desfolhada.

Minha solidão se multiplica,
como pássaros em bando.
É a sorte que dita
o destino que não comando.
Brinda-me a vida com mais um dia,
e o sol vem até mim feito ternura,
numa cândida doçura,
a reconfortar minha solitária nostalgia.
E meus olhos prometem sorrir!
Serena-se meu rosto, preciso sentir,
que a vida não está de partida.
Que depois de tanta lida
A sinto ainda de chegada!

Pois sempre que a noite vai,
vem a alvorada.

rosafogo
natalia nuno
imagem da net.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

ENTRE O SONHO E O VAZIO













Quero molhar os pés no rio
Sentir-me viva e encher de sonho
a alma
Não sentir da vida o frio
E puder cantar, chorar, sem que ninguém
me leve a palma.

Óh se pudesse esquecer a vida
à minha volta!
Ouvir apenas o sibilar do vento,
deixar-me ao abandono...à solta,
livre, tão livre como
o pensamento.

Sentir-me feita de nuvens ou de neve
Nesta vida que a mim me talhou,
que faz do meu tempo, tempo breve,
fazendo temporal que por mim passou.
Hoje está mais um dia extinto
E a morte ronda eu a pressinto.

Vou p'lo campo saciar minha sede,
na nascente que brota sem parar.
Vê-de...Vê-de!
Como gosto de com a natureza
comungar.

Percorro o caminho da primavera.
Sinto ao longe o nascer da aurora
Quem me dera...quem dera!
Que o tempo ainda fizesse sentido
agora!

Trago os olhos cheios de tempo
e caminho,
corro como a água errante sem parar.
Neste rio que se lamenta e segue sozinho
E choro ...como o seu leito a cantar.

E já tudo é nostalgia no meu coração.
O tempo passa por mim e apregoa,
que fez de si minha prisão,
e correntes sobre mim amontoa.
Esvazio do coração o pranto de outras
horas.
Reconstruo meus sonhos mais
uma vez!
Até que nada mais haja para crer,
e depois aí sim, talvez!
Possa enfim em paz morrer.

rosafogo
natalia nuno
imagem retirada da internet.