quinta-feira, 22 de agosto de 2019

e no tempo que sobra...



este vagar a que me entrego de corpo e alma
este doer que abraço sorrindo
esta chama a chamar por mim, saudade!
toda esta emoção vindo de verdade,
é poesia, ou remoinho de luz
ou o florescer das flores logo que é dia.
a minha alma a morrer, ainda
é plantio de amores no chão destroçado,
deste meu coração...
até que tenha um sopro de vida
não abandonarei o sonho
e no tempo que sobra
viverei sem medos, caminharei afoita
mesmo sabendo que a morte me cobra.

minhas mãos foram de afagos
cansaram de bordar sentimentos em poesia
nas manhãs orvalhadas, onde meus olhos eram lagos
e íntimas as saudades que com magia versos concebia
 infinitamente doces,
de suaves e nostálgicas lembranças.
perco a noção da hora e vou pelo tempo fora
a sonhar esperanças,
apesar de tempo adverso
eu caminho e me fortaleço
trago a felicidade na emoção dum verso
na serenidade do pensamento
no entusiasmo com que teço a vida a cada momento

um dia o tempo me há-de entender
caminhámos lado a lado,
quando meu corpo não estiver mais acordado
e a saudade de mim, à porta lhe bater...

natalia nuno
rosafogo


domingo, 18 de agosto de 2019

nas horas vazias...



entrego-me à lembrança e fico absorta
a vida é tudo, é nada
entrego-me ao sonho nest hora morta
a vida é isto, chorada e amada, por mim
mais um sonho sombrio que a mente incendeia
nesta noite imensa que não tem fim
um mar de venturas e desventuras
que no coração fazem teia
na escuridão da noite tão escura
desmaiam estrelas no céu
em mistério os ventos me envolvem
trago saudades d'alguém
que um dia nasceu
e os sonhos não me a devolvem.

e assim vivo num lembrar permanente
a vida que foi tudo e agora é nada
sou agora nuvem que o vento esfuma
com o coração que ainda sente
até que a morte o consuma
nesta hora serena em que espero tão pouco
meu sonhar é ilusão e ventura
e por amar sempre este desejo louco

alteiam-se os versos nas horas vazias
e nascem plangentes minhas poesias.

natália nuno
rosafogo