sexta-feira, 9 de outubro de 2020

às vezes sinto-me só...



às vezes sinto-me só, num mundo estranho. de esperanças poucas, e sentindo que nada posso mudar avanço nas horas sem remos, debaixo de calor, onde basta saber-me viva...perco até as palavras e aguardo pela paz em mim, então faz-se aurora e eu sou a viagem e sigo minha trajectória...

natalia nuno

rosafogo



por te sentir e amar...



por te sentir e amar, sinto angústia por te perder, é dado amar sempre mais, não importa que um de nós adormeça primeiro, quem ficar agasalhará no peito a primavera deste amor, como se nada houvesse mudado... nada separa o que não pode separar-se, numa pequena barca atravessámos o rio, desatentos, não demos p'lo tempo que caminhou ao nosso lado, breve, como a sombra duma ave que passa...


natalia nuno

rosafogo



tecendo o amor....

meu olhar é suplicante
a cada hora cada momento
assalta-me o desejo a cada instante
causando dor e tormento
faminta e obstinada morrendo de desejo
por ti enamorada
abandono-me ao ardor do teu beijo,
de prazer e júbilo estremeço adormeço, 
acordo e recomeço
nosso amor é como uma flor
colho as pétalas uma a uma 
malmequer, bem me quer 
até não haver pétala alguma,
           
meus olhos andam escondidos
não vejo há tempos no espelho
também meus sonhos perdidos 
neste tempo que é tão velho ,
sento-me em meditação
já foi alegre meu viver
já se cansa o coração
de tecer o amor sem o entender.

 natalia nuno
 rosafogo

quarta-feira, 7 de outubro de 2020

meu rosto é...

meu rosto é 
resquíscio outonal onde as papoilas murcham
e murmuram entre si queixumes,
contra o inverno que vem aí... 
desabafos...esmolando ao tempo piedade, 
sinal de fragilidade 
meu rosto é tudo o que atrás de mim ficou 
hoje penso, recompensa ou castigo?
é o tempo meu inimigo? 
de que serve me opôr?
se este tempo me harmonizou
com felicidade e amor?!
a mais forte razão para não 
deixar morrer o coração. 

 natalia nuno 
rosafogo

inútil subida...

 absorta, numa nostalgia sem queixume 
 ouvindo o rumor do vento 
 e o eco do choro dos salgueiros, 
 as memórias vindas de longe 
 um labirinto de sombras na mente
 o espelho do rio de água transparente 
 que corre no açude... 
 um arco íris amiúde, 
 com seu poder sedutor dá conta das carências
 que só meu coração sente
 e com ternura arranca do meu rosto
 esta máscara nele gravada
 onde me sinto aprisionada. 

 a negritude me envolve no crepúsculo
 deste entardecer,  o dia a desaparecer
 e a minha imaginação caindo no vazio 
 sem luz, sem norte no coração o frio
 vertendo a dor de cinzento
 tal como este inverno que entra por mim adentro.

 natalia nuno 
 rosafogo

terça-feira, 6 de outubro de 2020

penso...


penso,...  em como a felicidade nos fortalece, e a dor nos enfraquece à medida que o tempo passa...ver os filhos e os netos tornarem-se homens e mulheres, faz-nos abolir do pensamento a passagem do tempo, faz-nos perder a noção de que ele passa e não perdoa, tocando-nos com a sua mão invisível... e quando nos apercebemos, os anos felizes e descuidados passaram, são agora como um rosário de orações rezadas.


és meu vício...


 és sol que me aquece, trazes de calor as mãos cheias 

 teu olhar manso lago onde meu sonho adormece, 

 razão do meu poema
 hoje amor és o meu tema!
 me entrego a ti insaciada 
 nesta embriaguês que sinto
 neste desejo de ser beijada
 nestes versos que não calo 
 de repente, nada me segura
 e docemente, com loucura
 tomo conta da tua boca
 e louca...com os
 sentidos agitados
 por teus beijos viciada 
 sinto meus dias dobrados
 e no cume deste prazer 
 delirante me deixarei morrer. 

 natalia nuno
 rosafogo

sombras...

 as sombras fatigadas dos velhos
 que sentem a idade
 seus olhos vivem na obscuridade 
 e assim permanecem sem esperança
 escondendo-se ainda nas saias da mãe 
 como em criança,
 são sombras desprendidas de vida
 em pleno entardecer
 submersas no destino da tarde
 e na saudade de lembranças perdidas
 acariciados apenas p'la nostalgia
 atravessam o inverno de olhos fechados
 são uma história antiga onde acabam mal amados.

 trazem no rosto ainda o ardor da terra
 como entranhada em suas raízes
 e a dor de ter que deixar o mundo
 nem lembram se houve dias felizes
 apenas se esquecem num silêncio profundo
 sonhos vãos e nas mãos
 pouco ou nada
 na boca uma lamúria disfarçada
 é pouco o que os nutre,
 do sempre ao agora houve sempre um abutre
 chegado na hora
 jorna parca, vítimas da escravidão 
 como parca a felicidade alguma vez sentida no coração.

 natalia nuno
 rosafogo
imagem pinterest

caprichos...

 

 dói-me a recordação
 que vem talhando tristeza em mim
 arrebata-me a vida e arremessa-me ao silêncio, 
 assim, mesmo derrotada, 
 nem sempre me aquieto, 
 quero o amor por perto
 no veloz encontro dum instante
 renascer nos teus olhos, acolher tuas carícias
 ser tua mulher e amante, 
 porque o desejo de ti
 me consome as entranhas 
 e são as saudades tamanhas! 
 que te olho na moldura, com ternura 
 olho os caprichos de sombra e luz 
 que bailam ao sabor do vento
 em bailados escuros e claros
 plenos de alento. 
 fecho os olhos inebriada
 é amor que palpita nas minhas veias
 é sonho, é o sentir-me amada... 

 natalia nuno

o amor que invento...

o amor seguiu colado ao vento
 que passou pelas letras do poema
 em fuga, breve, breve foi o sentimento
 amor já não volta a ser o tema...
 amor, sentimento que desencadeia 
 ciúme que magoa,
 tecida teia é sofrer à toa
 tempestade de areia,  
 vento do nordeste,
            AMOR...tão pouco o que me deste!

 desmesurado em mim
 titubeante em ti, assim,
 deixo a palavra morrer
 retomo a esperança talvez que o amor volte a acontecer.

natalia nuno
rosafogo

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

já tudo foi ontem...

há pássaros ocultos na minha solidão enrugam meu rosto enquanto repito palavras aprendidas, e assim meus versos são o encanto e desencanto das ilusões vividas. sonho, esqueço da realidade na fugacidade do tempo que me leva ao esquecimento, já tudo foi ontem na minha mente emsombrada, corre nela um fogo indolente quase chama apagada, tudo em vão! e meus versos o que são? velhas sabedorias, onde não se retorna, nem por piedade! fica o vazio dos meus passos a solidão obstinada e fria, a saudade da prisão dos abraços d'algum dia assim a noite se desvia e eu colho sonhos...

natalia nuno
rosafogo

só eu sei!...

 só eu sei! 
 calaram-se tantas coisas em mim
 ficaram ocultas na mente em labirinto
 e hoje o que sinto é esta amarga solidão.
 foi-se tudo em palavras perdidas num pequeno sorriso
 sem sol, que se desvaneceu sem aviso,
 tantas vezes calei o que não queria mais recordar
 só eu sei, 
 que já não há nos olhos pranto, 
 e é tamanho o desencanto
 que é pesadelo o acordar. 

 tantos sonhos com magia 
 luz total que nos envolvia
 atravessaram tempestades, 
 dentro do peito deixaram saudades 
 resta um único sonho tatuado de frescura, 
 vai-se apagando em remoinho a chama desse amor
 que ainda aquece quem ama com ternura.


 natalia nuno
 rosafogo