terça-feira, 23 de agosto de 2022

tempo que me resta...



ao  longe a voz do vento 
ouço-a no meu horizonte
trago calado o pensamento
vou atravessando a ponte.
e no tempo que me resta
cedo à ansiedade da pressa
e à vida que não foi festa
não bato palmas nem peço meça

onde me leva o destino?
penso eu neste fim de tarde!
neste poema pequenino
talvez dele venha a verdade,
poema onde navego
neste meu mar em liberdade
e sempre que eu lhe pego
é na hora da trindade.

da lembrança varri os dias
de sombras no meu caminho,
esqueci as mágoas sombrias
escrevi memórias em pergaminho.
escrevo onde o amor floresça
mesmo com o céu pardacento
e se fôr a saudade que cresça
no coração, acolho-a no momento.

será o vento que há-de soprar
tudo o que perdi de vez
e quando o coração pagar
o preço da vida, talvez,
se acabe para sempre a solidão
porque o tempo nunca espera
traz a morte pela mão...
não insisto ficar, mas a espera desespera...

natália nuno
rosafogo




para onde fugiu meu sonho?...

permita Deus que meu sonho acorde
volte de novo a mim
e talvez eu me recorde
nesta vida ao que vim.
na minha alma há fantasmas
os sinto a qualquer hora 
vem sonho meu,
- não me pegues de surpresa!
a saudade a mim aflora 
minha tarde já se apaga 
de mim já me perco agora,
a vida ficou sem beleza.

para onde fugiu meu sonho? 
meus olhos são como rio,
passou o tempo risonho
a vida está por um fio!

teimo em manter-me viva
como a força das marés
queira Deus que eu sobreviva
e feliz volte a sonhar
corpo e alma, 
felicidade de lés a lés
com a grandeza do mar.

natalia nuno
rosafogo