sábado, 30 de novembro de 2019

tempo ao tempo...



surgem mil sombras na memória
é esquecimento,
e a mente tão puída
chega o tormento
de ficar de mim esquecida
fatigada, digo em jeito de despedida
o que me vai na alma
dou tempo ao tempo
hei-de voltar à minha serenidade
e voltar a viver com vontade
a vida é mestra, dá-nos o mel e o fel
deixa-nos sonhar
escancara-nos a porta de par em par
para depois a fechar duramente
com um gesto finito
como se não pudesse adiar...

natalia nuno
rosafogo
imagem pintarest

tempo de espera...


basta-me um pouco de ilusão
para esquecer o vazio
da tua ausência.
vou embalando o coração
arrumando o pensamento
e com a saudade invento
palavras que são rosas, generosas,
que recolho em tempo de espera,
tanto... que tanto me doera, 
 silêncio e nostalgia
pela madrugada fria correndo como rio,
deixando-me em sonhos a amadurar
e o coração em desalinho
enquanto a vida corre a afastar-me
do caminho.

palavras gastas neste outono
indeciso, quando o que apenas preciso
é de amar-te, mas a vida amadurou demais
e só os pássaros que vivem em mim
escutam os meus ais...
tempo de mágoa, de silêncio alongado
meus olhos são agora d'agua
por tanto te terem amado.

natália nuno
rosafogo
imagem do pintarest

sexta-feira, 29 de novembro de 2019

poesia amantíssima...



um poeta toma refeições ligeiras
um bom poema é a sua refeição
predilecta...
uma fatia de nuvens, salpicada de nevoeiro
ou uma fatia de neblina matinal
salpicada de orvalho e, impregnada 
de aroma de flores,
a adoçar uma luz sobrenatural.

e no rosto dos demais
porque os julgam loucos
é visível o desprezo
mas as estrelas não são mensageiras do céu?!
no caminho de vento agreste e de escuridão cerrada
só a poesia tem de seu
assim retomam a caminhada
o sol rompe o nevoeiro, volta ao poeta
a quimera, e a sua vida
é urdida, por um destino maior
o da POESIA, que é um acto de amor.

natalia nuno
rosafogo
imag.pintarest

índícios...



há uma neblina a circundar-me o olhar
a luz está longe e no rosto há girassóis 
a morrer de cansados em fim de verão
viver um pouco mais, será um caminho a descobrir
encontrar algum consolo no coração
deixar o tempo cair por terra
seduzir o sonho e tê-lo por companhia
para que arda tudo o que ainda resta
e se à noite vier a solidão que dói
que venha o dia,
e o amor ainda ser uma festa!
sei que mereço, e, uma criança ainda pareço
viro o sonho do avesso, e vou ser feliz
e de tudo que não acontece
haverá um novo começo
porque um grande amor, jamais se esquece.

natalia nuno
rosafogo
imag.pintarest


tempo imóvel...



esvoaça a cortina
confusão, traz-me a noite enlutada
o tempo mantêm-se imóvel
no peito uma sombra desolada
da qual não quererei nunca fugir
ergueu muros à minha volta
e só o silêncio se faz sentir
vou sentindo na pele o medo da orfandade
a noite e eu
numa aliança que nos une
invento sonhos com a saudade
e numa resignação sem tempo nem medida
enfrento os dias cada vez mais indefesos
da minha vida...
esvoaça a cortina e por mim passa
um sonho de menina.

natália nuno
rosafogo

quinta-feira, 28 de novembro de 2019

sempre de amor à espera...


meus braços de tanto abraço
já acusam o cansaço
já só querem estar caídos
os pensamentos perdidos
num imenso vai e vem
moram no sopro do vento
que os acolhe e entretém.

desenho na palma da mão
como se fosse uma hera
o meu e, o teu coração
do fogo do amor fiquei à espera
mas o vazio é evidente
nem tu nem eu adolescente
era apenas ilusão!

mas a alma inda resiste
ainda existe nela mil sóis
não quero ver-te triste
no amor somos heróis.

natalia nuno
rosafogo

sem dó...


meus ouvidos são inúteis
já nem ouvem o correr da fonte
mas meus olhos ainda vêem
o sol a esconder-se no horizonte
o tempo despedaçou-me o rosto
sem dó nem piedade
e a melancolia ao sol-posto
desperta em meu âmago
a saudade...
o coração logo se agita
e ela desgovernada 
em meu peito gravita.

meu mar profundo
me segreda a vida
vou sentindo o mundo
com a audição perdida

natalia nuno
rosafogo

dantes...



dantes,
havia flores no meu olhar
chilreavam pássaros na minha boca
mas o tempo os calou e eu deixei de sonhar
só as estrelas escutavam as melodias
nas manhãs voluptuosas, até as rosas
me davam os bons dias
outro destino segui
a vida começou, onde nas tuas
mãos me perdi, deslumbrada
renascia, 
e era só para mim que o sol nascia.

ficou no ar uma tristeza saudosa
e já não há nem sonho, nem rosa
o sonho deixei dependurado
no ramo do salgueiro
ali de amor o beijo, o primeiro!
os meus olhos deixei ao sol e ao luar

hoje vivo sem pássaros a cantar
e condenada a não chorar.


natalia nuno
rosafogo

quarta-feira, 27 de novembro de 2019

cega esta sede...



nunca a sede se apaga
sempre a desperta a noite
é como cura sem esperança
é açoite
 na lembrança, 
cega esta sede
já que a fonte secou
e já nem lhe ouço o eco
só o amor por ti restou

amo e odeio-te
quero-te e não te quero
a vontade morreu-me
se te perder?!
da saudade vou viver
e esta sede esquecer!
trago-te retratado em mim
em meu olhar enamorado
hoje e sempre até ao fim...

natália nuno
rosafogo

oração... tempo sem volta



bem vindo o sol que traz esperança
bem vinda a manhã a nascer
bem vindo o sonho
e os afectos que serão rios de prazer
para longe o desamor
para longe a desolação
bem vinda a vida erguida ao amor
e bata no peito o coração

bem vindo o fervor da terra crescente
bem vindo das árvores o cheiro odoroso
bem vinda primavera que chega primosamente
com sol radioso,
com amendoeiras brancas
e tanta nostalgia,
que trazem à memória
dias de criança, dias de alegria.
lembranças que põem o coração
aos pedaços
é tempo agora, de relembrar esses laços.

natalia nuno
rosafogo

venho a partilhar alguns dos meus 1ºs poemas, pretendo que todos eles permaneçam neste blog. Estou grata a todos os amigos que os lêem.

recordação



detêm-se o tempo
minha vida é tão jovem
como seara de verão
no pensamento saudades chovem
procuro uma sombra
sabe-me bem a solidão
lá de cima o sol olha o mundo
a terra observa sua majestade
enquanto eu...vou vivendo da saudade
sonhando acordada
na paz de Deus amparada.

de fronte serena, olhando o horizonte
a terra aureolada
já não criança de vida começada,
mas a cair, em fim de jornada.

natalia nuno
rosafogo


terça-feira, 26 de novembro de 2019

ilusões...



o punho da vida me esmaga
forte, cheio de energia
eu grito à saudade me traga
o sonho
libertando-me desta agonia
enquanto tudo dorme
nas sombras da noite tomo alento
liberto meu pensamento
uma estrela resplandece nos meus olhos
queimados
e os sonhos surgem em cachos dourados
vejo agora o mundo melhor
sou mulher palpitante d'amor
com os sais do tempo no rosto
riachos de água enfurecida,
mesmo assim, sinto-me agradecida
na minha vida entraste
como o sol brotando no horizonte
o tempo foi passando
e hoje, ainda brota amor na nossa fonte.

natalia nuno
rosafogo








poema d'amor


poema d'amor que já se esfuma
se o fogo em mim não ateias
dias cinzentos como bruma
e o sangue estagnado nas veias.
revivo versos abandonados
carregados de sonhos dourados
ouço com alegria ou tristeza
ecos do passado,
tudo o que guardo agora, calado
na memória, onde a saudade mora.
reinvento a felicidade
onde foste e és o instante e a eternidade
estanco a tristeza na certeza
que amanhã será ainda novo dia
que a vida foi mais do que pedia
e num poema d' amor
dizer-te que és o meu trigo
e que viver só vale a pena
se fôr contigo...

natalia nuno
rosafogo

desejo...


o desvario do corpo abandonado
na cegueira do desejo,
coração que de paixão
estremece,
doçura do beijo
que se conhece
paixão tão grande como o mar,
visível no olhar...
arrepio secreto da pele
sortilégio do amor
do pulsar do sangue o rumor
 estarmos a sós
num encontro cúmplice,
em nós o êxtase do enamoramento
 sermos dois num barco à deriva
ter a felicidade cativa
e já nos comover a saudade
belo reviver com arrebatamento
amarmo-nos livremente e, na memória
guardarmos a nossa história.

natalia nuno
rosafogo