quarta-feira, 8 de agosto de 2018

entrega...



quando a noite fôr já agonia
e despertar a madrugada
dentro das paredes do nosso quarto
quero ser amada.
a lua gagueja à nossa janela
dou conta da brisa na minha pele
e na noite que nos resta
matamos a sede com beijos
de sabor a  mel.

o amor é a forma perfeita da liberdade
um beijo a felicidade
e se a vida é correnteza, seguirei confiante
entregando-me a ti, como mulher e amante
às vezes cerramos os olhos
ao sombrio presente
e vivemos o sonho que continua a arder
as recordações estão na alma da gente
e os sonhos não queremos deixar morrer
estremecem nos meus olhos cotovias
quando juntos viajam nossos corpos
meu desejo orvalhado de fantasias
lírios de prazer, margaridas em festa
tão único é este amor nosso
e o sol já espreitando na janela do quarto
acariciando-nos por uma fresta...
é sonho?! mas, sonhar eu posso.

deixemos jorrar o sol cantante
que eu quero ser tua mulher amante....
neste instante!


natália nuno
rosafogo
março 2002


pedaços de dor...


o sol é já uma linha esguia
a esgueirar-se no horizonte
o barco partiu do cais,
já vai além,
levando a saudade e os ais
ilusões e sonhos d'alguém,
deixou pedaços de dor
o silêncio do beijo da despedida
e no coração o amor, sem vida.
morde os lábios pra não chorar
quem sabe não se irão esquecer?!
e assim se deixa a suspirar...

suspiro entalado na garganta
o barco sumiu com o sol
já de pouco adianta...
as estrelas iluminam o tecto da noite
afogam-se na solidão,
caída a esperança
resta a memória de tempos felizes
caminho aberto à saudade
ficaram os olhos rios com o furor de tempestade
o amargo da saudade na boca,
a dor a rasgar a esperança pouca
uma lágrima a dizer não
vai acenando o adeus... a sombra já esmaecida
ficou a vida um mar encapelado
e tão longe vai o seu amado.


natalia nuno
rosafogo
1992





domingo, 5 de agosto de 2018

choro brando...



tua boca divina
onde o sol nascia
e eu tão menina
por ela me perdia
contigo noivei
e contigo fiquei
agora somos passado
dum passado encantado

saudade, alma quebrada
saudade que ninguém crê
deixo-me até de madrugada
sonhando cartas de amor
que ninguém já lê...

escrevi canteiros de poesia
para os que vierem depois
meia noite, meio dia
rouxinóis ao luar
estrelas, mil sóis.

agora aqui estou só
em farrapos os sentidos
na garganta um nó
pelos teus beijos perdidos
só minha alma resiste
e ainda enche com um pouco de sol
meu rosto de sorriso
frio e triste..................

natália nuno
velhas trovas, agora transformadas
em poema, estas nem sei a data em
as criei no papel... acho que ainda não
era rosafogo... e nem sonhava haver internet.