sábado, 19 de dezembro de 2020

senhora de nada...



sento-me no chão
olhando o espelho das águas
e na minha solidão,
na bagagem levo mágoas,
vivas no coração.
trago na sombra da memória
os passos que dei em vão,
e no rosto perfume da tarde perfumada,
enquanto aqui sentada
acaba meu tempo lentamente
não sendo eu, senhora de nada!
o sol na seara é ainda quente
e o vento  perfeito, no peito
vive o amor somente.

abrigo-me à sombra do loureiro
lembrando ardente paixão
daquele amor primeiro
inquieto em meu coração

e a respiração se altera
cai a folha e o meu olhar se esvai,
sonho o amor... ai quem dera,
sonhar e não acordar.
treme o sol no meu sorriso
desarrumou o meu juízo,
no chão quando me sento
mil e um sonho invento,
mas a vida acinzentou.
agora, já não sei quem sou!

natalia nuno
rosafogo



sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

morro por dentro...



envolvo meu olhar no azul celeste
e sonho com tudo que me deste,
a seguir à tempestade, 
o apaziguamento ficou,
a saudade deixou, na liturgia
lenta do vento. que a trouxe ao meu coração
e ao meu pensamento.

morro por dentro!
- é feroz a solidão!
a liberdade abandonei-a na rua
pouco ou nada dela sobra
anda o luar a fugir da lua
e a vida os passos me cobra.

guardo em mim mais um poema
triste, duma saudade, dum adeus
eco que em mim persiste,
lágrimas minhas, sonhos meus
palavras esquecidas,
pela vida consumidas 
numa sonolência entre o que fui
e o que sou,
e só saudade ficou.
desmaia a manhã, é agora tarde
lembranças trazem-me serenidade
a vida de novo viveria,
com os mesmos sonhos que esta
me prometia...sonhos que sinto em mim!
que outro sentido teria
se a vida não fosse assim?


natalia nuno
rosafogo

domingo, 13 de dezembro de 2020

olhos de menina




meus olhos parecem ainda de menina
mas só eu os vejo assim,
já neles cai um inferno
de solidão fina, sem fim.
minha alma é ainda nova
meu corpo pronto a ir prá cova
invento palavras para te dizer
da minha saudade,
que começou e há-de acabar
quando eu morrer.
saudade, daquele amor de outrora
aquele amor que parecia não ter fim
que só nós soubemos amar assim.

nos degraus que vou subindo,
com este meu passo incerto
vai-se me a vida descaindo,
se não te tenho por perto.

de viver és a minha razão
mistério em que eu persigo,
com olhos de menina dou-te a mão
sem ti seria o dia meu inimigo

poiso os olhos no teu sorriso
para ser feliz, é tudo o que preciso.

natalia nuno
rosafogo


fecho os olhos...

                                                    
                                                    

                                  a saudade chega sempre a qualquer hora
e as memórias fazem em mim o ninho
fecho os olhos e lembro todo o caminho
é bom recordar e sonhar, vida fora!
se a saudade me abandonar
fico não tendo mais nada,
saudade é poder lembrar
por quem um dia fui amada.
tudo trago no peito guardado
para nunca a falta doer
só consigo ser feliz assim
lembrar quem nunca esqueceu de mim.
minhas mãos vazias
ainda hão-de escrever
dificuldades e alegrias.
resta-me apenas o que sou
conquistei a felicidade
e hoje trago no peito...Saudade!

natalia nuno
rosafogo

num dia cinzento...



hoje sou solidão
aquela solidão que dói no coração
hoje sou apenas um pedaço de solidão
vazia e sem chão
feita de vidro pronta a quebrar
sem lugar certo onde me sentir bem
hoje sou solidão, não quero nada
nem ninguém
não me tragas flores,
nem me fales de amores
trago no peito vazios
feitos de mármore, frios
onde não me encontro, nem a mim
nem a ti
deixa as flores por aí
hoje não, porque sou solidão
sou memória que ainda vive
aquela que sonha o sonho
que nunca tive...
trago força e esperança
mas a vida é só lembrança
a felicidade já pouco bate à porta
quer entres ou não!?
hoje sou solidão, sinto-me morta.

natalia nuno
rosafogo