sexta-feira, 3 de outubro de 2025

os dias da flor...



 surgiu o dia em ebulição, aí senti um desejo doce, não era de vinho, nem de pão, mas a alegria obtida de me sentir de novo eu, do véu que envolve a memória trazendo-me o sonho, e de novo os dias da flor, eis-me viva com o peito a arfar, neste encontro com a que de mim se perdeu, e a manhã fica mais rosada e fresca a terra e o céu...é a recordação que sempre me acode, restitui-me um pouco de alegria enquanto a vida é neve ao sol....

memórias rimadas...




as memórias eu não quero calar
são elas orvalhos nas madrugadas
hei-de por certo sempre lembrar
enquanto as raízes não forem cortadas

vivo  meus sonhos bem acordada
de mim, ainda não estou esquecida,
- de mim não me sinto abandonada,
e a memória da solidão se esquiva

a ninguém importa, a mim tão pouco
nem espero que meu entusiasmo dobre
às vezes o coração ainda se porta louco
quer-se vivo, pois d'amor não é pobre


por isso digo lembrar-me é promessa
- vou de tudo lembrar pela vida afora!
ao bater valente o coração não cessa,
promessa cumprida ontem, aqui e agora

não sou de ficar sentada à espera de nada
nem de lamentar-me ou sequer chorar
vou viver com audácia a vida que me é dada
enquanto estou cá, vou ousar sonhar...

natalia nuno
imagem pinterest


rumo...

 

lento outono, assim sou eu de verdade 
como folha caída ao abandono,
- no coração a nostalgia, saudade... 
tudo unido do princípio ao fim, 
da verde à amarelada folhagem, 
é assim hoje minha imagem, 

deixem-me em paz então,
- escuto o passado e o futuro neste pedaço de chão, 
onde a fé já esmorece e tudo se entristece...

conforma-me, se o amanhã voltar!
- a noite, estranha doçura deixa, 
talvez a saudade a lembrar...
- em mim uma íntima queixa, 
difícil é o caminho, mas há que caminhar.

natalia nuno
imagem pinterest

domingo, 28 de setembro de 2025

destino...



o tempo une-se à minha vida
do início até ao fim
leva a alegria de mim
passa sem dar conta,
e sempre este rame rame
me afronta.

nunca me abandona a nostalgia
no coração arrebatado 
nele renova e ressuscita
dia após dia,
a saudade,
prossigo na obscuridade
onde trémulas morte e vida
me perseguem, metade 
por metade

sinto a presença
dos aromas das flores,
dos pinheiros os cheiros
a levar-me à exaustão
como paixões e amores
e a vida ainda fosse Verão

ao meu e ao teu coração
ver-te e ver-me nos teus olhos
é sentir ainda presença,
porque somos saudade
do amor que voa na proximidade

aproxima-te, aproxima-te e verás o mar
d'amor, que se espraia até nós
o tempo enche o ar d' aroma a jasmim
amar-nos-emos até ao fim!

natalia nuno