domingo, 6 de outubro de 2024

à beira da última estação...



à beira de mais um inverno
de tantos invernos...
longínquo vai o caminho
e com ele tantas palavras perdidas

mas ainda há flores nos meus olhos
meio desvanecidas
o aroma ainda persiste nos sentidos
e as palavras espreitam a hora seguinte
há sentimentos oprimidos

e o coração é um pedinte
que bate, sem cessar aos meus ouvidos

não sei de onde me vem esta vontade
esta ilusão que me acalenta
de ainda inventar sonhos

esta saudade às vezes violenta
que me leva aos dias risonhos
ou numa inquietude me perder

dirijo-me agora pra nova distância
até sentir o impulso do meu sangue
olho o horizonte,
- e procuro-me nele, criança.

natalia nuno
imagem pinterest

abraça-me...


 

-  os meus sonhos vão ficando mais ermos e indefesos, são como frutos maduros caídos ao chão, passam noites, passam dias e á esperança, já não peço vida, só a saudade se refugia nos meus olhos, abraça-me, pois só teu abraço transforma a minha prisão em liberdade, abre o meu céu em riso, e traz-me a  coragem que preciso... numa só palavra a beleza do amor, desperta os pássaros adormecidos em mim.

chegam à minha vida aves de sonho.
neste outono imorredoiro, com simplicidade vivo escrevendo a todo o instante o fogo da felicidade, como um delírio no fundo da minha pele, meu corpo delira em contacto com o teu, sou agora parte duma estrela trémula, água sedenta do deserto, e tu o aroma da minha vida.

- escuto as palavras no silêncio, só eu as ouço, são como rio d'amor que com os anos cresceu, procuro-as como as lágrimas procuram um rosto, são como vento que tenta ofuscar-me a felicidade, uma aparição que ora que me chega e logo se evade.

natália nuno
imagem pinterest