sábado, 26 de maio de 2018

um sonho após outro...



meus dedos leves embalam sonhos
num rodopio, nada os detém
escoam-se em lembranças de hoje e d'além
emocionam-se ao meio da tarde
e o coração é fruto a crescer de
ansiedade...
o tempo morre indiferente
a solidão entra pela tarde e logo se alonga
mas meu sonho é verde, dá-me esperança
aprendi a semear e a colher
e o sonho vêm-me de criança.
e nesta condição aprendi a crescer
meus dedos são pássaros cantantes
que falam de mim em todos os instantes,
ouço-lhes os passos a voz e o respirar
e quando me sentem perdida
renascem prá vida, e eu recupero o amar.

meus dedos são flores solitárias
com eles invento secretas primaveras
sonhos rendilhados quimeras irreais
vôos cegos de pássaros sem asas
que levam para longe minhas penas, meus ais.
ponho-me a olhar o vento
a ouvir-lhe o lamento
e não estou só!
sinto-me a seara que o sol dourou
e em algum momento a vida me abandonou.
quando a desesperança me dá um nó
sou tudo do que me escrevo
vivo de emoções e sentimentos
quimeras que escrevendo, a sonhar me atrevo.

natalia nuno
rosafogo


Meu sonho nasce onde?


Meu sonho nasce onde?
Sonho duma vida cumprida
sonho que se desfolha
como o cair de folha a folha,
na cena da lembrança...
Dou comigo a sonhar-me,
vejo-me criança
e vou para mim a correr
dou a mão à madrugada,
vou sempre ao mesmo paradeiro
fico de vida cercada
nesse longuínquo Janeiro.

Meu sonho é oração rezada
nele volto ao passado
e há frescura e perfumes
no ar
descubro meu olhar molhado
deixo-me de saudade chorar
Nesta dormência, volto lá
ao tempo da inocência,
lá, onde venturas sonhei
e é lá, onde me sonho
que sempre me acharei.

natalia nuno
rosafogo
1999