sábado, 10 de maio de 2014

Quem sou então?



Por mais que me procure,
de mim não sei!
A imagem que vejo de mim
não pode ser esta... é apenas
o que resta!
Então quem serei?

Talvez a do retrato, aquela
mais antiga!?

Ah! Mas essa está na gaveta
das antiguidades...
Não sejais amáveis! Não sou essa
nem as outras, porque delas
só restam saudades.

Quem sou então,
que me procuro insistentemente?
Quem sou na realidade?!
Ora, sou simplesmente a que sonha!
Já sei... talvez a que escreve poemas
como se matasse a sede,
ou a que acorda e adormece nas palavras,
que traz a memória desarrumada,
que traz na boca pássaros chilreantes,
Não! Não sou esta também... assim de horror
tomada.
Nem sou mais a de antes...

Sou  a que se ouve num tempo distante
a que trago comigo na lembrança
sou a que leva saudade  na bagagem
e o perfume da criança que interiorizo
as palavras que me saem do coração
Assiste-vos a razão de julgar que
não tenho juízo...
Quem sou então?

natalia nuno
rosafogo


2 comentários:

Beijaflor disse...

Olá Natália

És aquilo que és, (o que é incomensuravelmente muito) e sobretudo aquilo que ainda queiras ser! Todos temos de ter a noção que tudo que nasce morre! E não ter medo de morrer, é um dos nossos bens maiores! Pese embora a morte sendo certa, quanto menos atenção lhe dermos, tanto mais felizes seremos! Não nos podemos deixar condicionar por ela em qualquer circunstância! Existem casos comprovados que quando nossa mente é forte, muitas doenças nem sequer se aproximam! E se o fazem, encontram uma resistência feroz! É verdade que um dia a morte acabará por vencer, mas que nunca sejamos nós a facilitar esse desfecho!

Continua a cantar tudo aquilo que te vai na alma. E não tenhas medo daqueles que falam em lamechices. Porque quem assim pensa, o mais certo é que não tem nada de bom para recordar, e por isso é a sua própria “negação de vida” que vem ao de cima, que fala por eles! Para já não falar naqueles de cuja índole não tem nada que se aproveite!

Beijinhos

João

PS. Em relação ao teu comentário anterior.

Não, nunca dizes as mesmas coisas. Os temas até podem ser idênticos, mas as palavras transportam diferentes estados de alma. E isso faz toda a diferença nos poemas! Vou sempre para além do que está por detrás das palavras!

Apesar de na viagem teres pouca ou quase nenhuma net, sempre que possas não deixes de o fazer. É muito importante sobre todos os pontos de vista!

Quanto ao luso, vou escrevendo alguma coisa, até ver.



orvalhos poesia disse...

Olá João
Li algumas vezes este teu comentário e deduzi que és um excelente prosador, escreves com um à vontade que me deixa de boca aberta admirando-te, trazes-me sempre alguns ensinamentos e também muitas vezes o estímulo para continuar, pois quando me ponho a ler o que escrevo, sempre me dá vontade de pôr ponto final, valem sim as tuas palavras de incentivo as quais te agradeço muito.

fica bem, obrigada por estares atento, beijo.