terça-feira, 18 de setembro de 2012

a melodia que alguém me assobia



olho a tristeza das árvores
no seu jeito de morrer de pé
é forte a força da sua razão
arragadas à terra com firmeza
como se tivessem coração
e nele habitasse a fé,
renovo a minha esperança
num amanhã feliz
agarro-me à lembrança
do que houve e não volta mais
 e em silêncio escuto a voz,
de meus avós,
e meus pais,
infantilmente me deixo aí
nesse lugar
da minha raiz
porque lá ou aqui
vou sempre recordar,
cheiros sabores e cores,
as enxurradas do rio,
o coaxar das rãs,
o cão latindo
a criança sorrindo,
as manhãs a desabrochar
mensageiras de sol e promessas
as janelas abertas sem mistério
e lá ao longe o cemitério.

assobiam agora os vendavais
na minha mente desgrenhada
o que houve e não volta mais
ainda sinto uma melodia soprada
ao  ouvido, alguém assobia
e tento retê-la nos escombros
da memória e nos assombros
 da poesia.

natalia nuno
rosafogo




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