terça-feira, 31 de julho de 2012

espelho meu...



Olho atónita o espelho baço
como foi que me esqueceu?
Cheio das perguntas que lhe faço,
recusa-se a olhar o que o tempo corroeu.
Olho-o com desconfiança,
clamo aos céus por um momento de sossego,
ao olhar-me estremece meu chão.
Como posso tirar da lembrança,
aquele que era o rosto meu?
A verdade cala meu coração.

Não há caminho de regresso,
faz-se um rasgo no coração,
Não me peça, nem eu lhe peço
dele recompensa,
nem de mim perdão.
Olho-o profundamente,
e me deixo impressionar.
Olho-o fixamente!
Como num sonho a naufragar.

Espelho meu, espelho meu,
como  permites ver-me,
num rosto onde a beleza desfaleceu?
Não pode estar a acontecer-me!
Espelho mágico, sem magia,
o que mostras, já não me dói
o tempo me sufoca também me alivia...!
Me espera o presente, o passado já foi.

Enquanto tu te embacias
Eu prossigo no labirinto dos dias.

rosafogo
natalia nuno
imagem da net



5 comentários:

Beijaflor disse...

Olá Natália

O tempo, tudo apaga e corrói
Excepto as primaveras do tempo
De resto, tudo ao coração dói
E acaba na alma, em lamento!

Não vale a pena chorar
Os tempos de quem viveu
Bem pior é ter de suportar
Quem na flor da vida, morreu!

As rugas podem ser belas
E vistas, até com carinho
Vidas que pintaram, telas
E pássaros fizeram ninhos!

O espelho é um grande amigo
Mostra tudo a cada momento
Faz lembrar o porto de abrigo
Que apenas se vê por dentro!

Natália,
A vida será sempre a força que temos dentro de nós!
Existem anciãos, cheios de vida!
E existem jovens, mortos vivos…
A melhor forma de não temer a morte, é não temer a vida!

Beijo

Pétala

orvalhos poesia disse...

Meu querido amigo antes de mais o meu agradecimento, pela leitura e pela poesia que me deixas.
Sabes que a dor de algo ou alguém que se perde sempre temos que sentir, assim é quando o tempo nos começa a fugir e a dar sinais, vai-se perdendo o encantamento e há dias até em qua a amargura se instala.
Agradeço as tuas palavras´...é um facto que envelhecer o corpo, não quer dizer que envelheça o espírito. Escrever é também um modo de soltar ou desabafar momentos menos bons.

Um grande abraço

Beijaflor disse...

Olá Natália,

Se sei! Como sei… como entendo as tormentas da vida! Sempre convivi com elas, com as suas dores! Ajudar a manter uma mente sã, em corpo são, não é tarefa fácil! Pensa em todos os profissionais de saúde! O quão difícil se torna tantas situações!

Nunca esqueças o Zeca Afonso;

Hei-de morrer dum tiro
Ou duma faca de ponta
Se hei-de morrer amanhã
Morra hoje tanto conta.

Devemos amar a vida, mas ter sempre este desprendimento! A mente também se educa, e quem o consegue fazer, a vida ganha outros brilhos, outras cores!
Em aspectos de desânimo, de mim nunca esperes palavras de complacência! Só me ouvirás palavras de tudo ultrapassar, de tudo vencer! Neste aspecto nunca admito, recusas! Sou muito duro!

Quanto àquilo a que chamas a “minha” poesia, resolvi mandar umas centenas de quadras para uma editora para ver o que diziam. Para minha surpresa, disseram-me que publicam! Mas continuo a pensar não publicar.
Esta é uma experiência que um dia destes chegará ao fim, em público.

Beijo

orvalhos poesia disse...

Ainda vou ter o prazer de estar presente no lançamento dum livro teu. Vês também sou mulher de fé, tenho cá uma esperança que há-de acontecer.
Como podias tu duvidar que te editavam? Eu tenho lido muito por aí, ando em diversos sites, leio muitos que se dizem poetas e se te digo que escreves melhor é a verdade.
A vida será sempre a força que temos dentro de nós, dizes muito bem, e eu espero que a tua força te faça um Poeta que fique prá his´toria, consegues assim queiras.

Bjs.

Beijaflor disse...

Olá Natália

Apesar de não ser pessoa de fé (no sentido religioso) sei que ela é imprescindível para os crentes e com ela se faz maravilhas! Por ter consciência disso, sempre a fiz vir ao de cima naqueles que nela acreditam, porque sei o bem-estar que neles provoca!

Quanto ao meu “eventual livro”, não será por falta de força, mas sim por não querer. Escrevo apenas por puro prazer. E estou quase, quase de partida.

De qualquer modo fica expressa a minha gratidão pela disponibilidade e palavras deixadas.

Quanto á vida, ela depende sempre de nós! Só não controlamos doenças incuráveis, e a morte. De resto, está tudo ao nosso alcance. Somos os donos dela! Mas muitos não querem, ou nunca foram capazes de o conseguir fazer!

Beijo

Pétala