sinto as sombras fatigadas
nelas me deixo prisioneira
aqui, somente o corpo ainda vive
apesar da canseira e,
dos instantes felizes que não tive
a solidão é a medida total
agora do caminho,
meus olhos são riachos da tarde
que correm lentos,
nem adivinho,
quantos instantes
de silêncio têm meus pensamentos.
os melros que cantam em mim
andam distantes, na obscuridade
voando alto, trazendo-me saudade,
indolente, resvalo pelas almofadas
recordo os lugares que nos possuíram
algumas imagens caem já rasgadas,
nos lençóis quentes, que nunca se abriram.
há um vento que tenta abrir-me a boca
e sinto ainda o beber lento e doce
desses dias, deixando-me louca,
cresce na alma o frio das primeiras sombras
abre caminho no regaço da noite,
apaga-se meu sorriso, o brilho da murta,
e o perfume do jasmim,
e dormem os melros que habitam
em mim.
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natalia nuno
2 comentários:
Boa noite de semana pascal, querida amiga Natália!
Quando estamos mentalmente cansadas, tendemos a não ouvir os pássaros com o mesmo ouvido consolado.
Eles parecem que morrem em nós. Nem sequer o canto deles é ouvido com o mesmo brilho de antes.
Que poema intenso e nostálgico de dor da alma! Intensamente belo.
Tenha dias pascais abençoados!
Beijinhos com carinho fraterno
Um poema belíssimo!!
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Um olhar perdido, desiludido, ou talvez não
.
Beijos, e uma boa tarde!
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