segunda-feira, 8 de julho de 2019

adeus ao que não volta mais...



hoje lembrei os medronhos
enquanto o sol se punha no horizonte
acesos ficaram os sonhos
no doido intento de me levar à minha fonte
talvez saudade dos que a morte levou
saudade a vou escrevendo e é tudo que ficou.
saudade que não se mede
tristeza que não se pede
voz do silêncio no coração apertado
ficou por lá o campo de giestas
e a terra vestida de verdura
pulam as searas em festa
e o meu destino ansiando por ventura.

hoje lembrei os medronhos
como se acordasse dum sono profundo
como não hei-de guardar estes sonhos?!
se foi ali enquanto o sol se punha que vim ao mundo
ali dei os primeiros passos
ali num frenesim dei os primeiros beijos
ocultos, em segredo, suspiros e abraços
num pecado aceso de desejos
vi passar a procissão devagarinho
gente com o coração cheio d'amor
de todas as idades,
e o cheiro a flor do andor
me traz saudades

hei-de voltar a pôr os pés de novo
lá onde cresciam os medronhos,
porque sou menina do povo
e ainda trago acesos os sonhos.

natalia nuno
rosafogo
poema repescado de 2001

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