segunda-feira, 6 de maio de 2019

o meu entardecer...



a primavera vestiu os laranjais
floriu os campos, os silvados
levou para longe os meus ais
abriu as margaridas, abriu as rosas,  deu flor ao alecrim
verdes ficaram as sementeiras, cantam os rouxinóis
meus sonhos calados
e a vida foge de mim...
quem vive vai-se perdendo entre o tudo e o nada,
caminha a sentir-se desesperada
a primavera já não mitiga a amargura
apenas nos olha com ternura
o que a mão de Deus traçou tudo renova,
menos a vida que das mãos voou,
entreabrem-se asas na esperança d' ainda voar
e doces surgem lembranças, como madressilvas
perfumadas... a quem o orvalho mata a sede,
mas a esperança já se perde.

e nas ramagens verdes o vento descansa
para voltar de novo à sua dança
tão breve como foi a vida,
sendo eu menina, sou agora
como flor sem sol nascida

os pensamentos vão e vêm
à plenitude da minha solidão
trazem-me notícias d'outras primaveras
que doces ainda me fazem sonhar
trazendo o sol antigo e meu pensamento dourar
dou graças por este entardecer
completo-me na natureza bebo dela o som e o sabor
e e neste viver, nesta beleza que encontro a harmonia
sento-me aqui ao pé da eternidade, a sentir o coração
a pulsar de saudade, ditosa, a primavera é
meu perene lugar.............................

natalia nuno
rosafogo
escrito na aldeia 26/04




1 comentário:

orvalhos poesia disse...

Obrigada amigo, boa semana.