segunda-feira, 30 de outubro de 2017

hoje atardei-me...



extingue-se a luz do crepúsculo
e os aloendros já adormecem
caem as trevas da noite
sobre o salgueiro abandonado
e a minha mão caída sustém
um livro fechado...
meu olhar permanece quimérico
olhando o poente vou sonhando
as recordações sobrepõem-se
quando mergulho no passado...

os traços escapam-se e as interrogações
se apoderam de mim, que fiz eu deste meu tempo,
que fez este tempo de mim?
debato-me em meditações

hoje atardei em chegar
fiquei-me pelo sonho... a sonhar
para não sentir o declínio das próprias forças
crio ilusões,
estendida numa álea florida
tocando as cordas da memória
agora já sem gestos de doçura
a voz sem melodia
a fazer-se sentir o silvo da agonia

mas habita-me ainda a saudade
e no coração a agitação
ainda, de alguma felicidade

natalia nuno
rosafogo

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