sexta-feira, 16 de junho de 2017

caminho que não oferece regresso



com passos rígidos enfrento o caminho
meu tempo é desanimadoramente curto
a noite abre clareiras mais um dia prestes a raiar
entrego-me contra vontade  e nem adivinho
as ondas agitadas que terei de amansar
há becos apertados neste caminho
e sombras a impedir o azul no meu céu
os pensamentos agitam-se  como asas de pássaros
e já a saudade no meu peito cresceu

sinto assim o caminho percorrido
não me disponho a chorar
nem de mim a ter pena
num torvelinho recordo o tempo vivido
deixo-me na saudade ficar
sinto-me percorrida por uma certa calma
interior, consciente do meu sentido de lealdade
e amor ...
para com o Pai que sempre hei-de louvar!

às vezes há um frio mordente
que me domina, que me deixa num estado
obscurecido, veemente
deixa meu dia a dia infectado
como doença que me pegasse,
e me deixasse uma certa fragilidade
dias tristíssimos que não evocam esperança
caminho que não oferece regresso
e do presente já tanto me esqueço

mas etérea é em mim a saudade
que trago do meu caminho de criança.

natalia nuno
rosafogo



2 comentários:

Maria Rodrigues disse...

Tão nostálgico, triste e ao mesmo tempo tão belo pela imensa sensibilidade contida nas palavras deste extraordinário poema.
Por vezes o alivio da dor da alma vêm, quando recordamos doces recordações do passado.
Bom fim de semana
Beijinhos
Maria de
Divagar Sobre Tudo um Pouco

orvalhos poesia disse...

Querida Maria

Recordar é de facto viver, afastar o tédio, deixar a ladeira pedregosa que por vezes é o nosso caminho e deixarmo-nos sonhar....

Grata pela tua visita e teu apreço ao poema, desejo-te um bom fim de semana também amiga.

um beijinho com muito carinho