quarta-feira, 17 de julho de 2013

o passar dos dias...



o sol inaugura o dia,
luminoso
e eu de negro intenso
e nada se apaga do que penso...
gosto do outono chuvoso
e ameno
entrego ao passado o pensamento
e tudo ao redor fica sereno,
não tenho ambições
nem vaidade
e creio que a solidão é
minha liberdade.

sinto a vida em mim
e a morte pouco importa,
hei-de cantar um sem fim
de refrãos que lembro,
tanta dor sentida
ou pensada,
tendo tudo e não tendo nada.
hei-de procurar o campo por companhia,
receber no rosto o hálito dos salgueiros,
no fundo será mais um dia
um, entre tantos,
a lembrar-me os primeiros.
hei-de ouvir as horas, no badalar
do sino o som duro
porque alguém morreu,
talvez o sol por cima do muro?!
ou quem sabe... também EU!

trago o olhar poisado sobre os dias
levo alguns versos para o caminho
olho as aves que sulcam os céus
deixo-me a flutuar em fantasias
o coração em descaminho,
fala por mim o olhar
levo sonhos a transbordar
e o vento traz consigo
este rumor sereno...
onde me abrigo.

natalia nuno
rosafogo

3 comentários:

Beijaflor disse...

Olá Natália.

E os dias vão passando
Vai-se a noite vem o dia
Milagres se vão operando
Fazendo renascer a alegria.

A forma peculiar como fazes passar á tela os teus poemas é deveras fascinante! É como caminhar por diversos céus, e cada um mais belo que o outro! Caminhas pelo teu ser em todas as direções e as paisagens são todas elas, deslumbrantes!
Venham mais, e mais!

PS: ainda sobre o teu comentário.
Sobre respostas, tens todo o tempo do mundo. Não me incomodo nada com isso. Mas, porque há sempre um mas, da tua parte o passar muito tempo sem escrever não é (como tenho dito) nada benéfico. Mesmo tendo outras coisas interessantes para fazer (como a leitura) porque esta (a escrita) obriga a funcionar os neurónios, e isso é extremamente importante. Por tudo isto, é preciso fazermos sempre um pouco mais de sacrifício. Devemos contrariar sempre todos os impulsos (sejam eles quais forem) que nos afastem daquilo que devemos fazer. Por vezes é preciso fazer um pouco de esforço, mas acaba sempre por valer a pena.
As aldeias (para quem o pode fazer) são locais de muita paz e tranquilidade. Mas tudo tem um tempo, nada em demasia! A vida saudável é feita de muitos equilíbrios, devemos ter sempre isso presente.

Aprecio essa tua espontaneidade em partilhar os momentos da “criação” e que posteriormente te trás imensas interrogações. Mas esse é um dilema de quem faz (cria) alguma coisa, e esse lado positivo tem de ser sempre valorizado, independentemente de todas as dúvidas. Mas a dúvida nem sempre é sinonimo de coisas menores. Por vezes, pelo contrário, favorece o abrir de luz que faltava! Mas nunca esqueças minha amiga que (como sabes) tantas coisas escritas que ficaram esquecidas nas gavetas acabaram depois da partida dos autores, êxitos de que eles nunca sonharam! Aos olhos do criador, as dúvidas existirão sempre. Mas no teu caso em concreto, penso que acabará por prevalecer a tua intuição que a meu ver não é de menosprezar! Pois vejo-a com muita acutilância.

Embora te socorras das lengas- lengas, (que não é o caso) mas mesmo essas são interessantes. Nunca te coíbas de dizer o que te vai na alma. Estou aqui para te ouvir, sempre que queiras.

Beijo

João


Ronilda David-Loubah Sofia disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ronilda David-Loubah Sofia disse...

Bom dia minha Querida Natalia, e o tempo vai passando tal qual essa nossa alma gémeas no eterno outono e sempre lembro-me de Ti e embora tão pouco apareça, tão pouco venha cá deixar umas palavras de carinho a qual meu coração nutre por Ti, saibas que sempre acompanho-te pelos atalhos desse mundo imenso da virtualidade mas tão real.

O Tempo é de passos apressados, impaciente não espera-nos em nosso cansaço, as vezes em nossa introspeção que nem sempre sabe como pedir um pouco de paciência para equilibrarmos os passos perdidos e nessa pressa dos ponteiros,passam-se os dias, meses e o silêncio das palavras alongam-se cada vez mais.

Hoje urgiu-me saber de Ti, saber como vai esse espirito tão doce e iluminado que por onde passa deixa um rasto de flores e estrelas.

"(...)
sinto a vida em mim
e a morte pouco importa,
hei-de cantar um sem fim
de refrãos que lembro,
tanta dor sentida
ou pensada,
tendo tudo e não tendo nada.
hei-de procurar o campo por companhia,
receber no rosto o hálito dos salgueiros,
no fundo será mais um dia
um, entre tantos,
a lembrar-me os primeiros.(...)"

E eis que cá deparo-me com mais uma das tuas perolas a qual tão generosamente compartilhas e confesso-te que sempre irei estar surpreendida e comovida com a autenticade dos teus sentimentos em cada palavra que compoes tuas poesias.

Mil bisous, meu mais terno abraço e sempre,sempre grata por saber eu que acompanhas-me também.

Tenha um dia abençoado e com gratas surpresas.