quinta-feira, 11 de julho de 2013

solto a respiração



campos amarelos estendidos
sob o sol...
o rio tranquilo,
parado, reflectido no azul
do céu.
sinto os pés dormentes
o olhar cansado,
o sol cai a pino,
tudo é solidão,
mas não sai dali meu olhar
solto a respiração,
foi-se a primavera...
irrequieta esta minha condição,
a de relembrar.

olho a seara
e meu coração não pára,
os pássaros cortejam as fêmeas
e eu olho,
olho com olhos de ver,
agora me parece ter
sido noutra vida,
ergue-se a saudade como um rio
e tudo me traz o passado
de fio a pavio.

meu olhar paira sobre a seara amarela
e é visível a emoção
que é difícil de gerir,
e apesar do tempo, continuo a sentir
o bater do coração,
tão ritmado como o bater das ondas.
procuro trazer recordações para fora
de mim,
dentro do coração contínuamente,
vindas dum tempo distante.
o sol brilha intensamente!
e há um pesado cansaço
mas a vida abraço
e sigo adiante.

natalia nuno
rosafogo






2 comentários:

Beijaflor disse...

Olá Natália.

Este pular de alma desassossegada espelha bem tudo que o que a vida não deixa esconder! Nem o tempo será capaz de desfazer este fermento que permanece bem vivo, ativo, e sempre pronto para novas esperanças! O olhar ainda que aparentemente distante, nunca se desliga das coisas, e está ao mesmo tempo sempre omnipresente! Estes teus olhares carregados de beleza, transportam para a tela toda essa vivacidade que lhe dão vida!

Beijo

João

PS:

Ainda a propósito do teu comentário anterior:
Creio ser verdade que o acaso nos juntou nestas lides da escrita e que neste âmbito ambos saímos a ganhar

Sempre fui amigo do meu amigo. Nada se constrói sem bons alicerces, e a amizade é uma das componentes fundamentais desses alicerces! As palavras ditas, ou escritas, serão sempre o que pode juntar, ou afastar! As minhas sempre juntaram, e espero que assim continuem!

Daquilo que vais dizendo, e lendo sempre nas linhas e entrelinhas, nunca por nunca deixes a escrita! Ela é parte do oxigénio que precisas para respirar! E acredita que sei o que estou a dizer!

Só devemos estar, participar, colaborar, em lugares onde se esteja com gosto. É certo que quem escreve tem de estar sujeito às críticas e ao contraditório, mas as pessoas que o fazem nunca deveriam perder a urbanidade. A crítica, quando feita no tempo e lugar certo e no sentido construtivo, deve ser sempre bem-vinda. Quando a sobranceria e a ofensa gratuita entram em ação, o melhor é não dar resposta. Existem pessoas intratáveis!

Podes desabafar sempre que queiras, e eu acrescento que (deves fazê-lo) pois direi sempre o que penso a propósito.

Comigo está tudo bem. Possuo uma mente muito poderosa!



orvalhos poesia disse...

Olá João

Desculpa só agora responder ao teu comentário que como sempre me deu imenso prazer reveber, ler as palavras que me deixas é sempre um bom incentivo para continuar, acredita que necessitava delas, não trago muito ânimo, estou em crer que o calor me tira a vontade até de escrever.
Tal como dizes, assim tenho agido, não vou onde me incomoda o que por lá leio, tenho-me dedicado mais a ler pois também andava preguiçosa ,
aproveitei a paz da aldeia dei uma volta a escritos antigos e retirei algumas trovas soltas que eu não acho feias de todo e agrupei-as de modo a poder colocá-las.
Descansei um pouco de tudo por aqui, e pensei também a sério no livro que haveria de sair em Out. e que ainda não decidi.
Vou confessar-te uma coisa que acontece sempre comigo...o momento da criação dos chamados poemas dá-me imenso prazer, acho sempre belo o último, mas, horas depois não gosto de nenhum e ao compor o livro achei que nada era lá grande coisa, então deixei tudo parado.

Mas no fundo é bem verdade que eu necessito escrever, tens razão.

Que bom saber que não te aborreces com estas minhas lenga-lengas, és um bom amigo
obrigada por tudo.

Beijo, bom também saber que estás bem.