segunda-feira, 14 de abril de 2025

a emoção do caminho


anda no ar o aroma a rosmaninho
mas a casa está desabitada,
já não há flores no caminho
é noite e a luz apagada

a nostalgia rodeia
os móveis reina o silêncio,
junto à chaminé
a avó fazendo meia,
no ar o aroma a café
a sombra da ramagem na janela
a candeia pendurada bruxuleia 
- a lua espreita, 
volta e meia
enquanto a mãe serve a ceia.


vivendo entre a minha gente
sentindo em jorros
a felicidade do sangue 
o riso e lágrimas, a saudade 
uma manta de recordações
um sonho, todo ele de ilusões

partiram!
- o pai já não faz o baloiço
a avó já não faz meia
a mãe não põe a mesa
a candeia não bruxuleia
e se estou viva, não tenho certeza?!

a aldeia em mãos estranhas
a primavera branca de flor
de laranjeira
ah que saudades tamanhas
de os ter à minha beira1
- ditosas presenças
em minha vida
e eu neste sonho tão perdida

tremente a noite de frio
e lonjura
a memória enche-me os olhos
de ternura,
sulcam-me o rosto rugas de saudade
prossegue a emoção
nesta minha idade, sem idade

natalia nuno


2 comentários:

Roselia Bezerra disse...

Olá, querida amiga Natália!
Ha um tempo em que muitos nossos se foram e ficamos assim sem saber se nós ainda estamos vivos...
Gostei de todo poema e da imagem ilustrativa.
Tenha uma semana santa abençoada!
Beijinhos fraternos

orvalhos poesia disse...

Obrigada querida Roselia, boa Páscoa, que o Senhor te dê muita saúde. Beijinho