terça-feira, 17 de julho de 2018

subida nostálgica...



já as sombras das árvores se deitam
e a tarde empalidece
e, a enlaçar-e apenas a saudade
pois no presente nada mais acontece
sobre as tílias um ar quente,
inconscientemente, ponho-me a fantasiar
noutro tempo que era tamanho
e passava tão devagar...
hoje traz asas na corrida
e depressa me leva a vida.

que escada enorme foi esta vida
tanto degrau, tanto degrau na subida
agora, vai a uma ponta
oiço meus ais, por entre vendavais
escadaria imensa que agora me amedronta,
trago o sol doendo nos olhos
e lágrimas caem ao chão
subida nostálgica, que me afronta o coração

a vida dobrou-me, dobrou-me,
e eu julgando morrer, cansada de subir
enquanto me afasta, me rouba as certezas
do que está por vir...
é agora outono, não me apresso
subo devagar e não esqueço
que subo para atrás já não voltar
a felicidade não deu ponto sem nó
ficou longe e eu aqui tão só...
sou passado, vento que dobrou a esquina
sou o sol que já declina
para trás ficou a alegre menina em flor
a tenra idade e o fulgor da mocidade,
no velho albúm, conservo o seu sorriso
mato a a saudade, ouvir-lhe a voz
para me sentir viva...preciso!

natalia nuno
rosafogo





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