quinta-feira, 20 de junho de 2013

o acordar do tempo



passam andorinhas
voam rasteiro em bando
chega a mim a saudade
a infância vou recordando,
corre o rio de mansinho
cantando com simplicidade
a música que é gemido
e o soluçar me entra no ouvido.

a terra molhada
brilha com o orvalho da madrugada,
as flores abrem viçosas
e as laranjeiras espalham
o odor...generosas.

como é bom correr pelo carreiro
estreitinho,
o tempo acorda-me
e me traz o passado,
assalta-me o vento pelo caminho,
a velha árvore me olha
bordadeira de saudade,
canta a cotovia
com seu piar de tenor,
esqueço a dor...
fios de tempo, fios de amor
sobram ainda em demasia.

o sonho é de esperança!
o vento varre a solidão
em alvoroço as asas da criança
planando com mansidão...

natalia nuno
rosafogo


2 comentários:

Beijaflor disse...

Olá Natália

O tempo pode ser acordado
Rasgando tudo que o devora
Destruir o que está algemado
Fazendo da alma, nova aurora!

Mais um poema onde as fragrâncias se sentem na brisa que passa de mansinho para se poder inalar com a quietude merecida! Palavras vertidas e prensadas para ficarem a flutuar no tempo e no espaço onde farão companhia às estrelas que proliferam na imensidão de infinitos céus!

Beijo
João

PS: As saudades (não doentias) são importantes e muitas vezes um refúgio. E podem ser, e são muitas vezes, uma boa base de apoio. Mas, não podem nem devem ser os únicos pilares de apoio para obter estabilidade. Daquilo que já vou conhecendo da tua pessoa, que tem família, que passeia, que publicou, que continua ativa na escrita, tens forçosamente de ter (ou descobrir) outros marcos a que te possas agarrar, física ou mentalmente! Olha bem á tua volta, tenho a firme convicção que a vida ainda não te mostrou tudo. Prometes que procuras?


orvalhos poesia disse...

me desilude um pouco tudo o que me rodeia, o que imaginava pudesse acontecer com os meus, tudo falhou um pouco e me sinto por vezes desanimada, mas olhando bem há tanta coisa pior que se passa com outra gente que fico reflectindo, e concluo que o destino tem muita força e tenho que aceitar as coisas como são, gostava que fossem um pouquinho só mais ambiciosos, que se orgulhassem por conseguir algo, mas não, não vejo vontades e como em jovem fui lutadora, me aflige que assim seja.

Mas também consigo desligar-me um pouco quando passeio, quando escrevo, quando ouço música e aguardo sempre que a realidade se transforme numa outra melhor.

Beijo João grata pela tua preocupação, gosto de falar contigo bem hajas.