sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

embalo o sonho que me resta...



pergunto-me se as coisas podem ficar melhor
porque a palavra não me sai redonda
aqui onde não acontece nada
a vida é maré sem onda,
em vez de redonda é quadrada.
o corpo vive num tormento
na armadilha do tempo,
na prisão dos passos
não há gestos d'amor, não há abraços
o tempo vai vertendo cansaço
retirando à esperança, sempre mais um pedaço.

o porvir é agora uma gargalhada 
palavra redonda corroída, quadrada
é a vida!
na esperança dum abraço ou um pouco
do fogo do amor já quase extinto,
brasa apagada...para sempre perdida!

não minto... hoje a palavra não sai redonda
porque me sinto maré sem onda
é a vida a desdenhar-me?
«há tanto ainda por descobrir e aprender»
a luz do dia, é ainda menina a abraçar-me
olha-me o poema com medo que vá esquecer
onde não estou mais, e de onde parti com dor
numa manhã de primavera, 
com laranjais em flor
e o amor à minha espera.

natalia nuno


4 comentários:

" R y k @ r d o " disse...

A Pandemia "nasceu" para mudar (e matar) o mundo. Não acredito que as coisas melhorem nos próximos tempos, haja ou não, vacinas.
Poema que muito gostei de ler.
.
Feliz fim de semana

Gracita disse...

Olá Natália
Na roda viva que é a vida vamos girando e nos adaptando mas sem perder a paixão pela bela poesia
Encantada em ler-te amiga
Beijinhos

orvalhos poesia disse...

É verdade amiga Gracita, sem sair de casa que as filhotas não consentem e ainda se riem dizendo quem havia de dizer que não deixávamos a mãe sair é castigo, porque a mãe também não nos deixava sair», então cá estou com um desejo enorme de viajar, mas vou me contentando tomara não apanhar a doença. Vou escrevendo um pouquinho, gosto de escrever quando a chuva me bate nas vidraças, e os meus gatos a ronronar aqui perto, sinto uma paz ate consigo esquecer os males do mundo.
Obrigada por vires ate ao meu blog, tenho andado um pouco apática, por passar tanto tempo sem falar, parece que já nem sei comentar, não tenho feito visita aos amigos, sou uma ingrata.

Beijinho amiga, tem um bom domingo.

orvalhos poesia disse...

Pois é amigo Ricardo, já não sabemos como vai ser o futuro, tenho pena dos mais novos penso nas agruras porque passarão, mas no fundo tenho esperança que daqui a dois ou três anos as coisas se recomponham. Agradeço a visita muito obrigada.

Um fraterno abraço