terça-feira, 1 de dezembro de 2020

um rumor vivo...



que procuras tu de verdade 
com essa tua linguagem saudosa?
perdes-te na saudade
e vais morrendo como rosa
que na jarra passou da idade
é frágil tua palavra pronta a morrer
para quê dares-lhe continuidade?
nada és, nada hás-de ser!
como é pequeno teu mundo de ilusão
só a saudade é tua companheira
nesta morte adiada, 
que aos poucos te leva o coração

que procuras então?
se nada acontece, se a esperança já
esmorece,
um golpe de sorte?
como é frágil a tua palavra sem fulgor
disfarças o medo da morte
e a cada instante a saudade no teu 
pensamento faz rumor.

tens um sonho diferente, labareda
que se esfuma 
vives a cruzar a mente, como aguaceiro
que atravessa a bruma, sem alcançar
o sonho, atada a ti mesma, enclausurada
vives uma morte adiada.

natalia nuno
rosafogo


3 comentários:

" R y k @ r d o " disse...

Maravilhoso, poeticamente falando
.
Um dia feliz
Abraço

orvalhos poesia disse...

Obrigada Ricardo

Maria João Brito de Sousa disse...

Todos nós, desde sempre, vivemos uma morte adiada, mas nem todos sabemos dizê-lo tão poeticamente como tu, Natália.

Abraço grande!