sexta-feira, 30 de agosto de 2024

fantasio...


até a natureza traz tempestade
quando ninguém espera
desfolha a última rosa aberta
do jardim,
minha alma voa mais longe
e a saudade toma conta de mim

nas margens deste rio diário
fantasio...
deixo as tristezas em cacos partidos
e sonhos maus, são folhas secas
para sempre perdidos

acabo com a solidão
o caminho foi longo, num tempo
curto
deixou meu coração
- sem motivação!

ao pensar como distantes 
os meus dias felizes
abstenho-me da realidade, 
entro em invenção
e de saudade vivo alguns instantes 

natalia nuno
imagem piterest




quarta-feira, 28 de agosto de 2024

desalento...


é tudo tão confuso
que já tudo ignoro
e deixo até de me ouvir
a tristeza abre as janelas
quando choro
e eu só penso em partir

e quando o esquecimento
reclama
as palavras fogem insolentes
o amor perde a chama
sinto o coração a pulsar
em derepentes

a memória à fronteira do nada
talvez se despenhe em redemoinho
no esquecimento afundada,
a cortar o sossego do caminho

aliado ao desalento
o coração vigia
enquanto o pensamento
avança na sua letargia.

natalia nuno
imagem pinterest

por enquanto ainda lembro...



Que lonjura! tempo desmedido,
tempo em que era jardim
o pensamento voa,
até esquecer-me de ti
e de mim, e
não há dor que não doa

acendem-se luzes na rua
por enquanto ainda lembro
o dia em que fui tua.

que dia é hoje?
- de saber abro mão!
é mais um que me bate à porta
a dar lugar às sombras
sonâmbulo, caído anda 
o coração.
meus olhos não sentem mais
que o ar,
meu corpo cascata de sede
dia a dia a melancolia,
só as sombras têm lugar!


natalia nuno
imagem pintarest

 

segunda-feira, 26 de agosto de 2024

odor a dia distante...



coisas que penso a sós
lembranças que m' ajudam a viver
olho minhas mãos mortas
e nelas os nós
e a dor da saudade, que saudade
me vem trazer

gestos caídos no vazio
a vida dura, que ainda dura
partiram os sonhos, secou o rio

palavras cegas, obstinadas,
quebradas
delírios, desilusões, visões,
espelhos esquecidos de mim
mas o coração não se rende
vai até ao fim

não decifro meu semblante
nem a mão que escrevia
um pouco de odor a dia distante
o que resta  no dia a dia

vou caindo no desconhecido
perdida e só...
num labirinto de memórias
engastada na obscuridade
e diante do nada na garganta
o nó,
surge em mim a saudade.

natalia nuno
imagem pinterest