palavras escritas com o coração, em qualquer verso está vazada a saudade poética que a memória canta. A fascinação pelo campo, o idílio das águas, a inquietação o sonho, a ternura o desencanto e a luz, toda uma bagagem poética donde sobressai o sentimento saudade... motivo predilecto da poeta. visite-me também em: http://flortriste1943.blogs.sapo.pt/
quinta-feira, 26 de junho de 2014
reino da fantasia...
Amiúde me ausento do mundo
ergo-me qual borboleta liberta
num desapego da realidade,
nesse vácuo a felicidade
é certa...
ali fico como se não fosse
nascida,
lá encontro a juventude
perdida,
o rosto num quê de frescura
com a fronte desenrugada
na flor da idade,
com que ternura me chega
a saudade!
vinte anos, sê-lo assim por toda
a vida,
esplendor de ilusão
que sustenta meu coração
mas a borboleta vai-se definhando
ao tempo insaciável,
reclamando sem esperança,
só o amor lhe dá vontade de viver
de resistir, e a cada lembrança
batalha por não esquecer.
sentada aqui na noite crescente
tempo morto,
sem sopro de vento
escrevo em papel velho esmaecido
esboroando-se a forma, o sentido
e qualquer significado
em sentida saudade
leio e releio, penso e repenso
não vá ter esquecido
o inesquecível dia de noivado,
o gozo do amor e da vida
a felicidade,
e em tudo há um prazer
que me embriaga, me extasia,
então... ausento-me para o reino da fantasia.
natalia nuno
rosafogo
terça-feira, 24 de junho de 2014
ao Deus que nunca vi...
dedilho o terço
ao Deus que nunca vi
mas que sei que está aqui.
aqui, nas macieiras floridas
nos ramos das nossas vidas
nas igrejas e catedrais...
caem meus pecados ao chão
sou humana, vou pecar sempre mais
florescem arbustos no peito
viro terra sem mácula
crescem em mim os lilázes
viaja em mim a primavera
Deus quer-me ser perfeito
saber-me anjo quem dera!
mas faço parte da terra,
nem sempre a ventura me espera
Jesus me olha da parede
e eu com o terço na mão
ébria de sonho e de sede
nem vejo se me sorri ou não,
elevo meus olhos ao céu
pesa-me o peito o Seu rosto é triste
misericórdia...triste está agora o meu...
Há pregos espetados na nossa solidão.
natalia nuno
rosafogo
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